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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Noz Vômica


Segundo a Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 1ª edição (1926), a semente da Noz Vômica é caracterizada da seguinte forma:

“A noz vomica deve conter, no mínimo, 1,25 por cento de estricnina (C21H22O2N2=334,192).

Esta semente é discóide, de contorno quase circular, com a margem levemente engrossada e obtusa, de 20 a 25 mm de diâmetro e 3 a 5 mm de espessura; sua face dorsal é plana ou um pouco côncava e a face ventral é levemente convexa: ambas possuem cor cinzenta clara ou cinzento-esverdeada e aspecto luzidio e assetinado ou veludoso. O centro da parte convexa é ocupado pelo hilo, de onde parte uma leve proeminência (rafe) que atinge uma pequena protuberância verrucosa (micropilo) colocada na margem da semente e que marca o lugar em que se acha a radícula do embrião. O endosperma, que constitui a maior parte da semente, é córneo, branco-acinzentado, cavado no centro; o embrião mede cerca de 7 mm de comprimento e é formado de uma radícula claviforme e de dois cotilédones largamente cordiformes.

A noz vomica é inodora e de sabor nimiamente amargo e persistente.”

É uma árvore perene, originária da índia, norte da Austrália e dos bosques tropicais do sudeste asiático. Possui folhas ovaladas e opostas de cor verde-acinzentada e brilhante. As flores são dispostas em pequenas cimeiras terminais, de coloração branco-esverdeada. O fruto é uma baga de 4-5 centímetros que contém no seu interior 5-6 sementes.



Nome Científico: Strychnos nux vomica L. Sinonímia: Strychnos colubrina Auct. ex DC.; Strychnos ligustrina Blume; Strychnos lucida Wall.; Strychnos nitida G. Don; Strychnos ovalifolia Stokes; Strychnos vomica St.-Lag.; Strychnos wallichiana Steud.



Nome Popular: Noz Vômica, Carimão, Caró e Cazzó, no Brasil; Nuez Vómica, em espanhol; Quakerbuttons e Poison Nut, em inglês; Noix Vomique e Vomiquier, na França; Noce Vomica, na Itália; Strychnussbaum, na Alemanha.



Denominação Homeopática: NUX VOMICA.



Família Botânica: Loganiaceae.



Parte Utilizada: Semente.



Princípios Ativos: Alcalóides Indólicos (1-5%): estricnina (40-45%), isoestricnina (5-8,5%), brucina (40-45%) e isobrucina (1,5%); Ácido Clorogênico; Ácido Málico; Álcoois Terpênicos; Sais de Sílica.



Indicações e Ação Farmacológica: O uso terapêutico da Noz Vômica não se justifica devido aos seus riscos e sua importância está na obtenção da estricnina, muito empregada em estudos laboratoriais da excitabilidade muscular ou em ensaios de anticonvulsivantes e de relaxantes musculares de ação central. Extratos de Noz Vômica já foram empregados em diversos distúrbios, como gastrointestinais e debilidades físicas (Hoehne, 1939). Entretanto em Homeopatia é muito empregada: “Moreno, cabelos pretos, magro, colérico, irritável, impaciente, teimoso, nervoso, melancólico, de hábitos sedentários e preocupações de espírito: tal é o doente de Nux vomica. Homens de negócios” (Nilo Cairo, 1983).

Seu principal alcalóide, a estricnina, é um poderoso excitante do sistema nervoso central, atuando por efeito bloqueador dos impulsos inibitórios que chegam aos neurônios localizados ao nível espinhal, sendo que os estímulos sensitivos produzem efeitos reflexos exacerbados no indivíduo. Entre seus numerosos efeitos, destaca-se o convulsivante, caracterizado por uma excitação tônica do tronco e extremidades, precedida e seguida de impulsos extensores simétricos fásicos que podem dar começo a qualquer modalidade de impulso sensitivo (Goodman e Gilman A., 1986; Wu H. et al., 1994).

A atividade convulsivante é devida à interferência pós-sináptica mediada pela glicina (Curtis, D. 1969). A forma de convulsão provocada pela estricnina difere das produzidas pelos estimulantes neuronais centrais diretos, que proporcionam uma resposta assimétrica e sem coordenação.

Ao nível cardíaco, estimula a força de contração do miocárdio, inclusive a baixas doses (Perris, J. et al., 1995). Ao nível gastrintestinal atua como laxante(na prisão de ventre) e estomáquico amargo, por aumento da secreção cloropéptica, e desta forma sua toxicidade não permite emprego de aspecto digestivo (Goodman e Gilman, A., 1986).



Toxicidade/Contra-indicações: O quadro tóxico é caracterizado primeiramente por contratura dos músculos faciais e cervicais, seguido de excitabilidade reflexa na qual qualquer estímulo sensitivo pode promover uma abrupta resposta motora. É muito comum o aparecimento de um impulso extensor coordenado seguido de convulsão tetânica completa que deixa o corpo em um arqueamento hiperextensivo conhecido como opistótonos. Os episódios convulsivos podem ser muito repetidos, conforme a quantidade de impulsos sensitivos que cercam o indivíduo (táteis, auditivos, etc...).

O paciente, em estado de consciência, entra numa situação de temor angustiante e pânico entre cada convulsão. Uma segunda ou terceira convulsão pode tirar a vida do indivíduo. Nas etapas terminais todos os músculos voluntários ficam contraídos, comprometendo a vida do indivíduo pela contração dos músculos torácicos e do diafragma, originando uma hipóxia respiratória e intensas contrações musculares, podendo ocasionar acidose respiratória e metabólica severas. A morte decorre de uma paralisia bulbar (Boyd R. et al., 1983).

A DL 50 em animais de laboratório é de aproximadamente 1 mg/kg. O tratamento da intoxicação deve ser rápido e atender principalmente dois aspectos: que cesse as convulsões e a assistência respiratória. No primeiro caso, o Diazepam (em doses adultas de 10 mg por via endovenosa) é o antagonista das convulsões sem potencializar a depressão comum a alguns barbitúricos ou depressores seletivos do SNC (Maron B. et al., 1971). No segundo caso, promove-se uma assistência respiratória mecânica. Pode-se também retardar a absorção da estricnina no organismo administrando-se bicarbonato de sódio, ácido tânico a 2%, carbono ativado, permanganato de potássio (1:5000) ou tintura de iodo (1:250) (Boyd R. et al., 1983).



Dosagem e Modo de Usar:

• Formas Galênicas mais empregadas:

- Pó: 0,06-0,010g diários em cápsulas;

- Extrato Fluido (2,5 alcalóides, 1 g = 50 gotas): Tomar 2 a 4 gotas, duas a três vezes ao dia;



• Homeopatia: Tintura-mãe 1ª à 200ª, 500ª, 1000ª e 10.000ª. Age melhor sendo tomada à tarde.



Referências Bibliográficas:



• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos

Aires 1998.



• ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.



• CAIRO, N. Guia de Medicina Homeopática. 1983.



• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos

Livraria Editora. 2000.



• SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia da Planta ao Medicamento. 1ª edição.

1999.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Bardana




Originária do Japão, a Bardana é uma planta de porte herbáceo, medindo cerca de 100-150 centímetros de altura; possui folhas alternas, pecioladas, onde as inferiores são cordiformes (em forma de coração) e as superiores são ovaladas; flores de cor púrpura reunidas em capítulos grandes dispostos em corimbos na extremidade do caule e dos ramos; o fruto é um aquênio com papilho de pêlos muito caducos; raízes napiformes, chegando a pesar 400 gramas e a Ter 45 centímetros de comprimento, de sabor amargo e açucarado e que muitas vezes é confundida com a raiz da beladona. No Japão suas raízes são comumente usadas na alimentação como legumes. Época de floração: de julho a setembro.

Nome Científico: Arctium lappa L. Sinonímia: Lappa major Gaertn. Arctium majus Bernh.

Nome Popular: Gobô, Orelha de gigante, Bardana, Bardana maior, Gobô japonês, no Brasil; Erva dos tinhosos, Pegamaço, em Portugal; Lampazo mayor, Lampazo, em língua espanhola; Burdock, Beggar’s Buttons, Burr Seed, Clotbur, Cockle Buttons, Cocklebur, Fox’s Clote, Great Burr, Happy Major, Love Leaves, Philanthropium e Hardock, em inglês.

Denominação Homaopática: BARDANA ou LAPPA MAJOR.

Família Botânica: Asteraceae (Compositae).

Parte Utilizada: Folhas frescas, raízes e sementes.


Princípios Ativos: Na Bardana há uma abundância de Inulina (30-50% nas raízes); Poliacetilenos (ácido arético, arctinona, arctinol, arctinal); Lactonas sesquiterpênicas; Ácidos fenólicos (ácido cafeico, ácido clorogênico, ácido isoclorogênico e derivados do ácido cafeico: arctiína); Fitoesteróis: beta-sitosterol e estigmasterol; Compostos insaturados: polienos; Taninos; Mucilagens; Carbonato e Nitrato de potássio; Composto antibiótico (semelhante à penicilina); Fenilacetaldeído, Benzaldeído, Metoxi e Metilpirazinas.


Indicações e Ações Farmacológicas: A Bardana possui ação diurética, sendo utilizada em estados onde se quer um aumento da diurese: afecções genitourinárias (cistite, uretrite e nefrite); hiperucemia; gota, auxiliando na eliminação do ácido úrico; hipertensão arterial, sendo a inulina e os sais de potássio (carbonato e nitrato) os responsáveis por este efeito; é colerética, aumentando as secreções biliar e hepática, efeito este causado pelos ácidos fenólicos; por ser hipoglicemiante é indicada para o tratamento de diabetes; é utilizada em tratamentos dermatológicos como: psoríase, dematite seborreica, acne, eczemas, por possuir um princípio antibiótico natural eficiente sobre bactérias Gram positivas, como o estafilococos e o estreptococos; é cicatrizante e adstringente, sendo este efeito determinado pelos taninos; possui ação estimuladora do couro cabeludo.

Toxicidade/Contra-indicações: O uso de diuréticos em hipertensão arterial só deve ser feito sob prescrição médica, já que o aparecimento de uma descompensação tensional pode ser possível devido à eliminação de potássio, podendo ocorrer uma potenciação do efeito dos cardiotônicos. Não é recomendado o uso interno para crianças.

Dosagem e Modo de Usar:
• Uso Interno:
- Decocoção: 40 gramas das raízes em um litro de água. Tomar duas a três xícaras de chá ao dia.
- Infusão: 2-5 gramas ao dia de suas sementes.
- Tintura (1:10): 50-100 gotas, uma a três vezes ao dia.
- Extrato seco (5:1): 1 a 2 gramas ao dia.

• Uso Externo:
- Decocção, aplicada sob a forma de colutórios, banhos ou compressas.

• Uso Fitocosmético:
- Em shampoos, tônicos capilares, cremes e loções impuras e oleosas 1-3% de extrato glicólico ou decocto.


Referências Bibliográficas:
• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.

• Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest do Brasil. 1ª edição.
1999.

• SCHAWENBERG, P.; PARIS, F. Guia de las Plantas Medicinales. Omega.
1980.

• CORRÊA, M. P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. IBDF. 1984.

• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.