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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Uva




Planta trepadeira com gavinhas, lenhosa e de porte arbustivo, a Uva é uma das espécies mais utilizadas desde as remotas civilizações que povoaram a Terra. Suas folhas são alternas, pecioladas, cordiformes, com cinco lóbulos sinuados dentados, glabro na parte superior e tomentosa, na parte inferior. As flores são pequenas e de cor branco-esverdeada, dispostas em rácimos. Os frutos são bagas reunidas em cachos, contendo cada uma duas ou três sementes, variando de cor de acordo com o tipo de Uva.
É oriunda da Ásia Menor (principalmente na região do Mar Cáspio), sendo introduzida na Europa em primeiro lugar e depois para todos os outros continentes. Apesar de existir mais de 8.000 tipos diferentes de uvas, as mesmas podem ser classificadas em duas subclasses: silvestre, que correspondem àquelas que crescem de forma espontânea e vinífera, que representam àquelas que se cultivam.
A cultura da Uva e a produção do seu mais saboroso produto, o vinho, são mencionados em hieróglifos egípcios que datam de 2.400 anos a.C. e em numerosas passagens da Bíblia Sagrada. Os primeiros a descreverem as propriedades medicinais do vinho vermelho, como tônico e adstringente, foram os gregos a 700 anos a.C.



Nome Científico: Vitis vinifera L. Sinonímia: Vitis sativa L.
Nome Popular: Uva, no Brasil; Grape e Grapevine, em inglês; Vid, Uva, em espanhol; Vite, na Itália; Weinstock, na Alemanha; Vigne Rouge e Vigne Cultiveé, na França.
Denominação Homeopática: VITIS VINIFERA.
Família Botânica: Vitaceae.
Parte Utilizada: Folha, fruto e semente.
Princípios Ativos: Dependendo da variedade de Uva os princípios ativos podem variar tanto qualitativamente quanto quantitativamente.
· Flavonóides: principalmente encontrados nas folhas e frutos. São eles: catequina, epicatequina, galocatequina, quercetina e seus glicosídeos quercitrina e isoquercitrina;
· Taninos Condensados, Procianidinas, Antocianidinas e Leucocianidinas: São todos derivados dos oligômeros ou polímeros da catequina e epicatequina. São abundantes nas sementes, podendo ser encontrados nas folhas e nas raízes;
· Ácidos Orgânicos: Em abundância encontramos os ácidos tartárico e málico, que representam 90% dos ácidos totais;
· Vitaminas: Traços de vitamina C, riboflavina, carotenóides, tiamina, piridoxina, ácido pantotênico, ácido fólico e niacina;
· Enzimas: invertase, pectina esterase, peroxidase,polifenol oxidase e ácido ascórbico oxidase;
· Carboidratos: entre 10 e 20% do peso fresco. Temos como os principais a glicose e frutose;
· Compostos Nitrogenados: aminoácidos, peptídeos e proteínas;
· Ácidos Voláteis: encontrados em diferentes partes da planta: ácido hidroxioleanóico, alfa e beta-amirina, taraxerol, taraxasterol, ácido ursólico, etc.
· Ácidos Graxos Insaturados: Presentes principalmente nas sementes, numa proporção de 15-20%.




Indicações e Ação Farmacológica: As diferentes partes utilizadas da Uva são indicadas para as seguintes afecções:
· Folhas: nas hemorróidas, flebites, edemas, fragilidade capilar, oligúria, diarréia, dismenorréia e metrorragias. Externamente nas varizes, blefarites e conjuntivites.
· Frutos: na convalescência.
· Sementes: das sementes se extrai um óleo, o qual é utilizado nas hiperlipemias, na prevenção da arterosclerose e no rejuvenescimento da pele.
As antocianidinas são compostos vasoativos com comprovadas ações antioxidantes e antielastase (Jonadet M. et al,1983; Meunier M. et al.,1989).
Foi demonstrada uma inibição da oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), em um modelo experimental de hipercolesterolemia em coelhos, os quais receberam 50 mg/kg diários de antocianidinas por via oral, durante dez semanas, obtendo-se uma redução do colesterol aderido à capa de elastina da artéria aorta (Wegrowski J., 1984). Por outro lado, também promoveriam a elevação da lipoproteína de alta densidade (HDL), o chamado colesterol bom, diminuindo a agregação plaquetária (Siegneur M. et al., 1990) e tenderiam a efeitos anti-mutagênicos, em parte derivados de sua ação antioxidante (Wall M., 1992).
As antocianidinas inibem a enzima conversora de angiotensina I in vitro. A administração de antocianidinas em coelhos, por via intra-venosa de 5 mg/kg, promove efeitos redutores da pressão arterial, através da conversão de angiotensina I em II (Meunier M. et al., 1989). Doses de 200 mg/ml em coelhos, permitiram melhorar a contratilidade cardíaca em condições de isquemia, uma vez que impede o aparecimento de arritmias nestas condições (Maffei Facino R. et al.,1994).
As antocianidinas são particularmente indicadas para todo o tipo de transtorno de insuficiência circulatória. A ação vasoprotetora das antocianidinas se baseia na atuação nos glicosaminoglicanos, estabilizando-se assim as fibras de colágeno, criando pontes entre as cadeias polipeptídicas e reduzindo desta maneira a permeabilidade capilar. Esta atividade vasoprotetora foi ensaiada e comprovada por vários modelos experimentais, através de injeções intra-dérmicas de histamina e bradicinina (Barbier A.et all, 1988).
Na Dermatologia, as antocianidinas podem ser incluídas nos tratamentos cosmético-medicinais, indicados para nas peles envelhecidas pela ação dos agentes externos
deletérios: raios UV, radicais livres, fatores climáticos adversos, etc. Tem-se observado que as antocianidinas podem inibir vários grupos enzimáticos, tais como a elastase, colagenase, hialronidase e beta-glicoronidase (Masquelieur J., 1990).
Toxicidade/Contra-indicações: As antocianidinas foram testadas em diferentes provas de toxicidade aguda e crônica. A DL 50 foi calculada em ratos e cobaias, sendo de 4.000 mg/kg. A administração oral de 60 mg/kg diários de antocianidinas durante seis meses em ratos e dois meses em cães, não produziram efeitos tóxicos, teratogênicos ou mutagênicos (Bertelli A., 1982).
Dosagem e Modo de Usar:
· Uso Interno:
- Infusão das Folhas: Uma colher de sobremesa por xícara, infundindo por dez minutos. Tomar três xícaras ao dia, depois das refeições;
- Óleo das Sementes de Uva: Várias colheres de sopa ao dia;
- Frutos: Uso alimentar;
- Extrato Seco (5:1): 300 mg, uma a quatro vezes ao dia;
- Tintura (1:5): 50-100 gotas, uma a três vezes ao dia.
· Uso Externo:
- Infusão das Folhas: Uma colher de xícara de sobremesa por xícara, infundindo por 15 minutos. Aplicar sob a forma de colírios ou banhos oculares.
Referências Bibliográficas:
· ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos
Aires 1998.
· PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.
· SCHAWENBERG, P.; PARIS, F. Guia de las Plantas Medicinales. Omega.
1980.
· PANIZZA, S. Plantas que Curam (Cheiro de Mato). 7ª edição. 1997.
· SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.

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