Também conhecida por Consólida Maior, principalmente em Portugal, o Confrey é uma planta herbácea que se apresenta como uma pequena touceira, medindo aproximadamente de 30 a 80 centímetros de altura, possuindo um caule ereto, quadrangular e ramoso; suas folhas são ovais, longamente decorrentes, espessas, guarnecidas de pêlos ásperos, sendo as basais maiores; suas flores são violáceas, rosadas ou amarelas, reunidas em cimeiras espiraladas e pendentes, corola campanulada com cinco dentes curtos, cálice com cinco persistente; seu rizoma é carnoso de cor marrom escura. É inodora, sabor adocicado, muito levemente adstringente.
Adapta-se melhor aos solos pouco áridos, ricos em matéria orgânica e bem drenados, com iluminação meia-sombra ou plena. Prefere climas frios ou temperados, tolera secas e geadas e o plantio pode ser feito em qualquer época do ano, sendo o período compreendido entre agosto e novembro o melhor. A colheita de suas folhas é feita de dois a três meses depois do plantio e as raízes e rizomas somente na primavera.
É originária da Europa, onde na antiguidade sua raiz se constituiu um dos recursos mais importantes para a cura de fraturas, sendo denominada por muito tempo por Consolidae maioris. Porém seu nome latino atual Symphiton significa “unir” e acredita-se que este termo foi aplicado primeiramente por Diocórides (200 d.C.) em seu livro “Matéria Médica”.
Nome Científico: Symphytum officinale L.
Nome Popular: Confrey, Consólida, Consólida Maior, Consolda, Consólida-do-cáucaso, Confrei-russo, Leite-vegetal, Capim-roxo-da-rússia, Erva-encanadeira-de-osso e Língua de Vaca, no Brasil; Consolda-maior, Grande-consolda, Consólida-maior, Orelhas-de-asno, em Portugal; Consuelda, Consuelda Mayor, Sínfito, Oreja de Asno, em espanhol; Consolida, na Itália; Grande Consoude, na França; Common Comfrey, em inglês; Scwarzwurz, na Alemanha.
Denominação Homeopática: SYMPHYTUM.
Família Botânica: Boraginaceae.
Parte Utilizada: Raiz e folha.
Princípios Ativos:
• Raiz: traços de Alcalóides Pirrolizidínicos: acetil-intermedina, acetil-licopsamina, consolidina, echiumina, equimidina, heliosupina, intermedina, lasiocarpina, licopsamina, mioscorpina, sinfitina, sinlandina, sinfitocinoglosina, sarracina platifilina e viridiflorina
Mucilagens: constituídos principalmente por frutosanas; Alantoína; Asparagina; Óleo Essencial; Resina; Isobaunerol (triterpenóides);
Fitosteróis (-sitosterol e estigmasterol); Saponinas (symphitoxide-A); Ácido Rosmarínico; Ácido Silícico; Ácido Cafêico e Caroteno.
• Folha: Taninos; Mucilagens; Alantoína (em menor proporção que na raiz); Vitaminas A, B1, B2, B6, B9, B12 e C; Colina; Sais Minerais: silício, cálcio, potássio, ferro e iodo; Alcalóides Pirrolizidínicos: equimidina e sinfitina.
Indicações e Ações Farmacológicas: Indicado casos de gastrite, úlceras gastrointestinais, diarréias, como alimento nutritivo e popularmente em casos de asma, hemorróidas e tuberculose. Externamente é tradicionalmente utilizada, principalmente as raízes por possuir maior quantidade de alantoína, na consolidação de fraturas e além disso também nas contusões, nos hematomas, nas inflamações osteoarticulares, nas afecções vaginais, nos pruridos, nos eczemas secos, na psoríase e nas paraodontopatias.
Os altos níveis de alantoína e mucilagens permitem um efeito benéfico na pele e mucosas, exercendo um efeito neutralizante dos processos ulcerosos, analgésico e reepitelizante por estimulação fibroblástica. A droga é muito empregada nas feridas de lenta cicatrização como ocorre na osteomielite (Salvia de Villota M., 1992).
O melhor método para poder extrair a alantoína é a maceração em água fria (Polpovici A. e Borica L., 1986), sendo esta substância o produto final do metabolismo das purinas, estando presente também nos animais e em muito escassa proporção no homem, já que este carece da enzima urato oxidase que transforma o ácido úrico em alantoína (Thorpe V. et al., 1975).
O ácido litospérmico proveniente do ácido di-hidrocafêico, demonstrou uma interessante ação anti-gonadotrópica, inibindo a síntese dos hormônios FSH e LH, o qual é útil nos casos de endometrioses e cistos foliculares ovárianos.
O extrato etanólico da raiz de Confrey por via injetável, provocou bradicardia e um efeito anti-hipertensivo em ratazanas anestesiadas, atribuindo esta atividade à saponina conhecida por symphitoxide-A. O efeito é neutralizado por tratamentos prévio com atropina. O átrio isolado de cobaias, o symphitoxide-A apresenta atividade colinérgica, apresentando ações similares à acetilcolina, como a diminuição da força de contração. Observa-se contrações no músculo estriado esquelético de rãs provocada por esta saponina, as quais são revertidas pela d-tubocurarina (Gilani A. et al., 1994).
Um preparado baseado em extrato aquoso de Confrey e tintura de própolis, demonstrou propriedades possuir propriedades anti-microbianas, antiinflamatórias e cicatrizantes nos casos de lesões gengivo-paradontais e como regenerador tisular em períodos pós-cirúrgico estomatológico. Em nenhum caso se comprovaram efeitos adversos ou colaterais (Gafar M., et al., 1989). Em ensaios in vitro,o ácido rosmarínico mostrou-se como o principal composto antiinflamatório (Gracza L. et al., 1985).
Do ponto de vista nutricional, o Confrey é um dos poucos vegetais que contém vitamina B12. Certas variedades contém até 33% de proteínas totais, quase tanto quanto a soja e 10% a mais que o queijo cheddar (Stuart M., 1981; Aldave A.,1988).
Os taninos exercem um efeito adstringente útil nos casos de diarréia, sendo as folhas do Confrey a parte da planta mais rica nestes compostos. Esta planta esta registrada no
Council of Europe como recurso alimentício ou flavorizante, listado na Categoria 4. Seu uso interno é recomendado pelas autoridades européias e norte-americanas.
Os alcalóides pirrolizidínicos sarracina e platifilina demonstraram efeitos benéficos no tratamento de quadros de hipermotilidade gastrointestinal e nas úlceras pépticas (Culvenor C., 1985).
Toxicidade/Contra-indicações: O uso prolongado por via interna é perigoso pois contém alcalóides pirrilizidínicos, os quais são hepatotóxicos e podem produzir degeneração hepática. É conveniente portanto o tratamento em curtos períodos: não mais de 4 a 6 semanas em um ano.
Os sintomas mais importantes de intoxicação incluem dores abdominais, hepatomegalia, aumento dos níveis plasmáticos de transaminase e ascite (Yeong M., et al., 1991).
O FDA norte-americano recomenda somente o uso tópico, salvo a prescrição facultativa de um médico especializado e sempre adotando um tratamento por um curto período (Mc Caleb R., 1993).
É contra-indicado o uso interno durante a gravidez, para lactentes ou para pacientes com hepatopatias e topicamente não aplicar sobre feridas abertas.
Dosagem e Modo de Usar:
• Uso Interno: Ver item anterior.
- Extrato Fluido (1:1): 20-30 gotas, duas a três vezes ao dia;
- Tintura (1:10): 30-50 gotas, duas a três vezes ao dia;
- Extrato Seco (5:1): 50 mg/cápsula, uma a três vezes ao dia;
- Pó: 100-300 mg, uma a três vezes ao dia.
• Uso Externo:
- Pomada (20 g de Extrato Fluido e 80 g de lanolina): Aplicar sobre a área a tratar duas a três vezes ao dia.
Referências Bibliográficas:
• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Ediciones. Buenos
Aires. 1998 ( o qual cita as referências mostradas nos itens Indicações e Ações
Farmacológicas/ Toxicidade e Contra-indicações).
• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.
• Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest do Brasil. 1ª edição.
1999.
• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.
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