Páginas

quarta-feira, 18 de março de 2009

Genciana


O conhecimento das propriedades das propriedades terapêuticas da Genciana datam de pelo menos 2000 anos. Seu nome botânico deriva de Gentius, rei de uma região antiga da costa adriática conhecida como Ilíria (180-167 a.C.), o qual difundiu seu uso medicinal. Na Idade Média a Genciana fazia parte de uma poção alquímica denominada theriac, cuja fórmula se mantém a té hoje em segredo.
É uma planta herbácea perene, medindo de 0,50 a 1,30 metros de altura, de caule glauco, ereto, simples e oco. As folhas são verdes, opostas, largas e ovais, amplexicaules, com cinco a sete nervuras convergentes. As flores são amarelas, pedunculadas, em grupos de três a dez na axila das folhas, corola dividida em cinco a nove lóbulos estreitos, abertos, cálice membranoso e estames com anteras vermelhas. O fruto é uma cápsula ovóide, que se abre em duas valvas, numerosas sementes aladas. A Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 1ª Edição (1926) descreve o rizoma e a raiz, os quais constituem a droga vegetal: “Os rizomas e as raízes da genciana são de cor pardo-avermelhada, freqüentemente coroados pelos restos dos ramos aéreos, geralmente fendidos longitudinalmente, de 20 a 60 cm de comprimento e de 2 a 4 cm de largura. O rizoma é curto e apresenta numerosos sulcos anelares, profundos no vértice e menos acentuados na base; as raízes, cilíndricas e freqüentemente arqueadas ou torcidas, são pardo-amareladas, dotadas de rugas longitudinais bastante profundas e freqüentemente enroladas em espiral e apresentam, de espaço a espaço, pequenas cicatrizes ovais deixadas pela secção das ramificações secundárias. Ambos têm a fratura curta, unida, farinácea; a secção transversal, de cor pardo-alaranjada ou amarelo-avermelhada, apresenta uma zona cortical de cor pardo-amarelada e finamente estriada radialmente.
A genciana possui cheiro forte, característico, um tanto nauseoso, e sabor a princípio levemente adocicado e depois muito amargo, persistente.”

Nome Científico: Gentiana lutea L. Sinonímia: Asterias hybrida G. Don.; Asterias lutea Borckh.; Coilantha biloba Bercht. Et J. Presl.; Gentiana major lutea Bauh.; Lexipyretum luteum Dulac; Swertia lutea Vest. ex Rchb; Gentiana pannonica Scopoli.; Gentiana purpurea L.; Gentiana punctata L.

Nome Popular: Genciana, Genciana-das-farmácias, Argençana, Argençana-dos-pastores, Genciana-amarela, Grande-gencian e Genciana-dos-jardins, em português; Gelber Enzain, na Alemanha; Genciana, Genciana Amarilla, Genciana Mayor, Gengiba e Junciana, em espanhol; Gentiane, Gentiane Jaune e Grande Gentiane, na França; Gentiaan, na Holanda; Bitter Wort, Commom Gentian, Gentian, Great Yellow Gentian, Yellow Gentian, em inglês; Genziana, Genziana Meggiore, na Itália; Bagg-soeta, na Suécia.

Denominação Homeopática: GENTIANA LUTEA.

Família Botânica: Gentianaceae.

Parte Utilizada: Raiz e rizoma.

Princípios Ativos: - Princípios Amargos (secoiridoides): sua concentração varia entre 0,88-1,82%: genciopicrina: substância que é encontrada na raiz recém coletada numa proporção de 0,6-2%. Nas raízes secas seu teor diminui devido a processos fementativos;
genciomarina: substância que geralmente não é encontrada na planta fresca sendo formada durante o processo de secagem; gentiína: a qual por hidrólise gera glicose, xilose e gencianina; amarogenciosídeo; swertiamarosídeo;
- Açúcares: gencianose, sacarose e genciobiose;
- Substâncias Corantes: genciseína, gencisina e isogencisina;
- Taninos;
- Ceras;
- Lipídeos;
- Pectina;
- Enzimas: invertase, oxidase, emulsina e peroxidase;
- Triterpenos: lupeol, beta-amirina;
- Óleo Essencial;
- Alacalóides: gencialutina e gencianina.

Indicações e Ação Farmacológica: A Genciana é indicada na inapetência, nas dispepsias hiposecretoras, nas disquinesias biliares, na convalescência e na prevenção de gripes e resfriados.Topicamnente, no tratamento de micoses.
Os heterosídeos da raiz de Genciana são substâncias amargas atóxicas, estimulantes das funções digestivas (aperitiva, anorexígena, colagoga e laxante suave), que ativa as terminações nervosas gustativas, desconhecendo-se o mecanismo da ação eupéptica que esta droga vegatal exerce. Postula-se que é produzida em primeira instância uma fase de inibição gástrica, seguida posteriormente de uma ação estimulante das secreções salivares, gástricas e do peristaltismo. Além disso os heterosídeso amargos têm demonstrado possui uma ação galactogoga, originando um gosto amargo ao leite e leucopoética (Peris J. et al., 1995).
O alcalóide gencianina tem sido testado em animais e demonstrado uma atividade antiinflamatória e antipirética (Duke J., 1985; Chin W. e Keng H., 1990), enquanto a pectina proporciona um efeito hemostático notável (Arteche A. e col., 1994). A gentiopicrina tem demonstrado possuir propriedades antimaláricas (Wang Y. e Lou Z., 1987).
Em dermatologia é empregada a Violeta de Genciana (a 1.35%) no tratamento tópico da candidíase vaginal como também em micoses (Goodman e Gilman A., 1986).

Toxicidade/Contra-indicações: Altas doses promovem uma ação emética. O uso da Genciana pode alterar o fluxo menstrual. Os princípios amrgos gencisina e isogencisina têm sido documentado como substâncias mutagênicas através do teste de Ames sobre a
Salmonella typhimurium, calculando-se que 100 mg da Genciana contém 100 mg de compostos mutagênicos (Morimoto I. et al., 1983).
É contra-indicado o uso durante a gravidez, lactação (os princípios amatgos podem passar para o leite materno) e para indivíduos que possuam gastrite ou úlceras gastrointestinais.

Dosagem e Modo de Usar:
• Decocção: 30 g/l, ferver por 2 minutos e infundir por 8 horas. Tomar duas ou trê xícaras por dia;
• Pó: uma ou duas cápsulas de 300-500 mgh por dia;
• Extrato Seco (5:1): 0,3 a 1 g por dia;
• Maceração: 30 g/l da planta fresca ou 10 g/l de pó, macerando durante quatro ou cinco horas. Tomar 250-500 ml por dia;
• Tintura (1:5): 50 gotas, uma a três vezes ao dia;
• Extrato Fluido (5:1): 0,3 a 1 g por dia.


Referências Bibliográficas:
• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos
Aires 1998.

• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.

• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.

• ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.

• Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Seleções do Reader’s Digest. 1ª
edição. 1983.



3 comentários:

  1. Oi. Será que alguém sabe qual o nome popular ( ou um que seja mais conhecido) da erva BISPO-DE-ERVA ? Sei que é ótima p dor de ouvido, mas com este nome não consigo encontrar !😩

    ResponderExcluir