Esta espécie é pela primeira vez mencionada no volume IV, capítulo 147 do livro de Dioscórides , onde se faz menção a dose da infusão de suas folhas e do fruto com vinho para favorecer o aparecimento da menstruação, eliminar cálculos renais e como diurético. A decocção da raiz, bebida com vinho demonstrava os mesmos efeitos.
É um arbusto vivaz que se adapta facilmente à aridez, medindo de 0,30 a 0,90 metros de altura e apresentando um caule verde, ereto, glabro, densamente provido de ramos foliáceos, os cladódios, na estremidade. As folhas são verde-escuras, coriáceas, alternas, sésseis, ovais e epinescentes. As flores são violáceas ou esverdeadas, muito pequenas, de 1 a 2 na axila de uma pequena bráctea, situada no centro dos cladódios, com 3 sépalas e 3 pétalas livres e persistentes. O rizoma é branco amarelado, de até 10 centímetros de comprimento e 2-3 centímetros de diâmetro, nodoso, articulado, emitindo na parte inferior numerosas radicelas lenhosas, grossas, brancas e perpendiculares.
Nome Científico: Ruscus aculeatus L.
Nome Popular: Gilbarbeira, Erva-dos-vasculhos, Azevinho-menor e Murta Espinhosa, em português; Rusco, Brusco, Pequeño Acebo e Carrasca, em espanhol; Fragon e Myrte Épineux, na França; Myrtendorn e Stachlicher Mausedornbusch, na Alemanha; Butchess Broom e Knee Holly, em inglês; Rusco e Bruscolo, na Itália.
Família Botânica: Liliaceae.
Parte Utilizada: Rizoma e raízes.
Princípios Ativos: Saponinas: com agliconas esteroidais: ruscogenina e neoruscogenina; Flavonóides: rutina e hesperidina; Sais de Potássio; Resina; Óleo Essencial.
Indicações e Ação Farmacológica: A Gilbarbeira é indicada nos casos de varizes, edemas, recuperação pós flebite, hemorróidas e fragilidade capilar.
É igualmente útil nos estados em que se requer um aumento da diurese, tais como: 1.afecções urinárias, como cistite, ureterite, uretrite, oligúria e cálculos renais; 2.hiperuricemia; 3. gôta; 4. hipertensão arterial; 5.edemas; 6. sobrepeso acompanhado de retenção de líquidos.
A Gilbabeira devido a ação sinérgica de seus compostos principais, saponinas e flavonóides, é considerada um dos maiores venotônicos de que se pode contar. A ação venotônica da ruscogenina é exercida por um mecanismo do tipo adrenérgico aos níveis:
1. Através de um efeito diurético agonista dos receptores -adrenérgicos pós-sinápticos da célula lisa da parede vascular (Margelon C., 1988; Berg D., 1992).
2. Através do efeito indireto pela liberação de noradrenalina a partir dos sítios de reserva neuronal pré-sinápticos, sendo sua intensidade proporcional à temperatura, já que como se sabe o calor diminui a afinidade dos receptores da noradrenalina, os quais conduzem à venodilatação e ao aparecimento de sintomas característicos como “pernas pesadas” (Van Houtte, 1986; Bouskela E. et al., 1994).
Esta atividade é comparável e inclusive superior ao proporcionado pela Castanha da Índia de acordo com os estudos feitos em animais (Thebault J. e Fauran F., 1982).
Ensaios promovidos demonstraram que a ruscogenina não atuaria unicamente sobre a resistência vascular, mas sim que estaria relacionado com uma ação conjunta desta substância e dos flavonóides, determinando um efeito vitamínico P, o que permite realizar duas funções: reduzir a permeabilidade capilar e aumentar a sua resistência (Weindorf N., et al., 1987).
Um estudo efetuado em 2.359 pacientes com varizes com sintomatologia expressa, a doses de 600-900 mg de Ruscus aculeatus durante 8 semanas de tratamento provoca uma melhoria substancial sobre os sintomas clássicos: sensação de queimação, dor e pernas pesadas, edemas e cãibras nas pernas (Hoffmann J., 1983).
Dentre os efeitos conhecidos a anos da ruscogenina, encontra-se a correspondente atividade antiinflamatória. Em provas duplo-cega versus escina e fenilbutazona, a ruscogenina tem evidenciado uma atividade antinflamatória superior às substâncias de controle, o qual foi evidenciado através do teste de carragenina sobre as patas de ratos, medindo o volume da extremidade antes e depois de três horas de uma injeção de carragenina (um indutor de edema inflamatório de origem vegetal) ao se administrar a ruscogenina por via intraperitoneal meia hora antes e depois do agente patógeno (Cahn H. e Senault B., 1962; Capra C., 1972).
Com relação ao emprego da ruscogenina em forma de pomada, a mesma foi ensaiada sobre 100 pacientes, dos quais 16 apresentavam varizes essenciais e flebalgias, 14 com hematomas espontâneos pós-operatórios, 14 com tromboflebites superficiais e 56 com dermatites periulcerativas. O resultado global após dois meses de tratamento com 2-3 aplicações diárias sobre as zonas afetadas o que promoveu uma melhora de 82% (Iusem M. et al., 1990).
Por fim, cabe consignar que os flavonóides exercem um suave efeito diurético útil em condições de êxtase venoso. Estes efeitos são reforçados pelos sais de potássio, os quais promovem ação diurética clorúrica d pelas saponinas e óleo essencial que adicionam uma atividade azotúrica (Peris J. et al., 1995).
Toxicidade/Contra-indicações: Diferentes estudos prévios indicam que as doses recomendadas de ruscogenina é muito bem tolerada (Caujolle F. et al., 1972). Ocasionalmente observa-se intolerância gástrica devido ao efeito irritativo das saponinas.
Para evitar isso pode-se adicionar drogas vegetais demulcente tais como a Malva e a Altéia.
Os pacientes hipertensos devem tomar precauções antes de utilizar a Gilbarbeira. Quanto as formas locais de emprego, não tem conveniência o empregá-las sobre lesões ulcerosas ou feridas abertas devido ao efeito hemolítico das saponinas.
A ingestão acidental do fruto pode ocasionar vômitos, diarréias e convulsões.
Dosagem e Modo de Usar:
• Uso Interno:
- Infusão: 60 g/l, ferver durante dois minutos e infundir durante 10 minutos. Tomar três xícaras ao dia;
- Deccoção: 40 g/l, ferver durante 10 minutos e deixar em infusão durante 20 minutos. Tomar três xícaras ao dia entre dia;
- Extrato Fluido (1:1): 30 a 60 gotas, três vezes ao dia;
- Tintura (1:10): 4 ml/dose, 2-3 vezes ao dia;
- Extrato Seco (5:1): 0,3 a 1 g/dia;
- Supositórios (100 mg): feito de extrato seco, 2 ou 3 vezes ao dia.
• Uso Externo:
- Pomadas: 2-10% de extrato glicólico (1:5). Aplicar massageando a área desejada.
Referências Bibliográficas:
• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos
Aires 1998 (o qual cita as referências nos itens Indicações e Ação
Farmacológica e Toxicidade e Contra-indicações) .
• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.
• CORRÊA, M. P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. IBDF. 1984.
• Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Seleções do Reader’s Digest. 1ª
edição. 1983.
• COIMBRA, R. Manual de Fitoterapia. 2ª edição. 1994.
Alou meu nome é Eduardo e estudo farmacia e gostaria de saber se no Brasil pode ser achada esta planta e onde?
ResponderExcluirMeu codinome na net e Verceus abraços e parabens pelo blog.
http://farmacia-verceus.blogspot.com/