São conhecidas cerca de 600 espécies diferentes de Maracujá, sendo 400 encontradas em toda América, desde o sul dos Estados Unidos até o Brasil. O Maracujá também é conhecido como a “Flor da Paixão”, nome dado aos sacerdotes espanhóis da América do Sul de acordo com a disposição de suas flores que lembra a paixão de Cristo: “os três estigmas eram os três pregos que o suportaram na cruz. As cinco anteras estariam representadas as cinco chagas ou feridas. Os filamentos púrpuros que estão localizados acima dos estames representariam a coroa de espinhos. As dez sépalas simbolizariam os dez apóstolos (sem Judas nem Pedro) e finalmente as gavinhas representariam o chicote com os quais flagelaram o corpo de Cristo.”
A Farmacopéia Brasileira 3ª Edição (1977) descreve as folhas da espécie Passiflora alata Ait., uma das espécies de Passiflora que é utilizada como muitas outras na medicina popular do mundo inteiro como sedativa e tranqüilizante, da seguinte maneira: “A folha do maracujá é oval ou oblonga, de 10 a 16 cm de comprimento por 8 a 11 cm de largura, membranácea, glabérrima, de cor verde-escura na página superior, mais pálida na inferior, uninérvia e arqueado-venosa, com a nervuras salientes em ambas as faces, principalmente na inferior; suas margens são inteiras e hialino-cartilagíneas: o pecíolo mede geralmente cerca de 3 cm de comprimento, é profundamente canaliculado na parte superior, com 2 a 4 glândulas sésseis nas margens, dipostas aos pares e convexo na parte inferior, que é crenada.”
É uma trepadeira com caule quase quadrangular, estreitamente alado e glabro. Os pedúnculos florais são solitários, axilares, unifloros e duas vezes mais curtos do que os pecíolos. As flores são pendentes, abertas com 11-17 cm de diâmetro. As sépalas são sub-carnosas, oblongo obtusas, no verso perto do ápice, corniculadas, por fora verdes e por dentro avermelhadas. As pétalas são mais longas do que as sépalas e de forma semelhante, por fora alvacentas e por dentro vermelhas, nas bases espessadas. O fruto é ovóide, obovóide ou piriforme, glabro, de 8-11 cm de comprimento e 5 cm de espessura na parte mais larga, na base e ápice um tanto escavado. Habita do Amazonas até São Paulo.
Nome Científico: Passiflora alata Ait. Sinonímia: Passiflora alata Dryand; Passiflora alata var. brasiliana Mast.; Passiflora alata var. latifólia Mast.; Passiflora alata var. mauritiana Mast.; Passiflora brasiliana Desf.; Passiflora latifólia DC.; Passiflora maliformis Vell.; Passiflora mascarensis Presl.; Passiflora mauritiana Du Pet.; Passiflora oviformis M. Roemer; Passiflora pysiformis DC.; Passiflora sarcosepala B. Rodrig.; Passiflora tetradena Vand.
Nome Popular: Maracujá, Maracujá-amarelo, Maracujá-comprido, Maracujá-mamão, Maracujá-melão, Flor da Paixão e Maracujá-comum, em português; Granadilla, no Chile, Equador e Peru; Pasionaria, em Cuba; Mburucuyá, em guarani; Fleur de la Passion, na França; Passion Flower, em inglês.
Família Botânica: Passifloraceae.
Parte Utilizada: Folha e partes aéreas.
Princípios Ativos: Alcalóides Indólicos: harmano, harmina, harmol e harmalina; Flavonóides: vitexina, isvitexina e orientina; Glicosídeos Cianogênicos; Álcoois; Ácidos; Gomas; Resinas; Taninos; Princípio Amargo: passiflorina.
Indicações e Ação Farmacológica: O Maracujá é indicado basicamente na ansiedade, insônia, hipertensão arterial, taquicardia, relaxante muscular e antiespasmódico. É também indicado nas nervralgias e asma.
Em Perfumaria os perfumes adotam notas róseas.
Um estudo realizado avaliou a fração de flavonóides e o alcalóide harmano os quais atuam juntamente para caracterizar o efeito sedativo proporcionado pelo Maracujá, porém não se chegou a estabelecer conclusões definitivas. A partir da década de 80 começa a se conhecer com maior profundidade os flavonóides da planta. Pôde-se demonstrar que os flavonóides administrados por via oral potenciam a ação do hexobarbital, prolongando assim o tempo de sono e diminuindo notoriamente a motilidade, sem provocar falta de coordenação motora nem efeitos que relaxem a musculatura (Della Logia R. et al., 1981; Speroni E. et al., 1988).
Em folhas foi comprovada a presença de flavonóides (Ulubelen, 1982) e alcalóides do tipo harmano, atribuindo-se a essas duas classes de compostos a comprovada ação depressora do sistema nervoso central (Lutomslki, 1975; Oga, 1984). No entanto, é conhecido que os alcalóides desse tipo são inibidores da monoaminooxidase, atuando como estimulantes do sistema nervoso central (Pletscher, 1959).
A passiflorina apresenta um efeito semelhante à morfina, sendo portanto de grande valor terapêutico como sedativo e que apesar de narcótico não deprime o sistema nervoso central.
O Maracujá é listado no Council of Europe como um alimento categoria N3.
Toxicidade e Contra-indicações: Em geral o Maracujá é muito bem tolerado, porém doses elevadas podem provocar náuseas e vômitos (devido ao seu sabor amargo), cefaléias, taquicardia, diminuição do tempo de reação frente a estímulos externos, podendo chegar inclusive a convulsões e até parada respiratória (Ragonese A. e Milano V., 1984; Pronczuc J. et al., 1988).
A DL50 do alcalóide harmano administrado em ratos por via endovenosa foi calculada em 0,04 g/kg, observando-se nos animais tremores, convulsões e parada respiratória. Já a DL50 por via oral foi estimada em 0,15 g/kg.
A toxicidade aguda do extrato fluido em ratos por via intraperitoneal foi calculada em mais de 900mg/kg (Rehwald A. et al., 1994).
Não é recomendado o uso de medicamentos a base de Maracujá durante a gravidez e lactação. No caso da gravidez, o harmano e a harmalina têm demonstrado ser substâncias que estimulam o útero em animais. Porém até o momento não existe nenhum caso relatado de mulheres grávidas que por desconhecimento tomavam Maracujá e que apresentassem aborto ou aceleramento do parto. É contra-indicado para pessoas com hipotensão.
Dosagem e Modo de Usar:
Uso Interno:
- Infusão ou Decocto a 1%: Tomar 50 a 200 ml/dia;
- Pó: 200 a 500 mg/dose, 1 a 3 gramas por dia.
Referências Bibliográficas:
TESKE, M.; TRENTINI, A. M. Herbarium Compêndio de Fitoterapia.
Herbarium. Curitiba. 1994.
ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Ediciones. Buenos
Aires. 1998 (obra que cita as referências mostradas nos itens Indicações e Ações
Farmacológicas/ Toxicidade e Contra-indicações).
NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Herbal Medicines - A
guide for health-care professionals. 1ª edição. Londres. 1996.
COSTA, A. F. Farmacognosia. Lisboa. Fundação Gulbenkian Calouste. 1994.
SIMÕES, C. M. O. et al., Plantas da Medicina Popular do Rio Grande do Sul.
EDUNI. Sul. 1986.
CORRÊA, M. P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. IBDF. 1984.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 3ª edição. 1977.
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