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segunda-feira, 30 de março de 2009

Meimendro



Esta planta foi utilizada desde os tempos remotos, aparecendo no Papiro de Ebers como remédio para dor de dente. Foi um veneno famoso, sendo citado na obra de Shakespeare, que fez o pai de Hamlet morrer com o suco de Meimendro deitado no ouvido.
Seu nome científico provém do grego, hyoskyamos, que significa “fava de porco”, uma alusão à aparência destes animais com seus frutos.
A Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil 1ª Edição descreve as folhas do Meimendro da seguinte forma: “As folhas de meimendro devem conter, no mínimo, 0,065 por cento de alcalóides, calculados em hiosciamina (C17H23O3N = 289,192). Não devem conter mais de 25 por cento de pecíolos, os maiores dos quais não devem ter mais de 7 mm de espessura.
Caracterização - As folhas de meimendro atingem a cerac de 25 cm de comprimento por 10 cm de largura; as inferiores são curtamente pecioladas, as médias sésseis e as superiores semi-amplexicaules. Seu limbo é oval ou oval-oblongo, sinuoso-denteado, com um a quatro grandes dentes ou lóbos triangulares, mais raramente inteiro ou simplesmente sinuoso, de cor verde-acinzentada e muito peluginoso, principalmente na face inferior. Sua nervura mediana é muito dilatada na base; as nervuras secundárias, pouco numerosas e desigualmente espaçadas são, como ela, esbranquiçadas, proeminentes sobre a face inferior, irregularmente ramificadas às vezes desde a sua base.
Seu cheiro é viroso, desgradável e seu sabor um tanto amargo e acre.”
Apesar da primeira edição do código farmacêutico brasileiro mostrar somente a folha do Meimendro como parte utilizada, a British Herbal Compendium Volume 1 (1992), também aceita as suas flores e ocasionalmente os frutos de Hyoscyamus niger L como parte utilizada.
As flores são subsésseis com corola pouco zigomorfa, sujo amarelada e roxo-reticulada, pubescente, com cinco estames. O fruto é ovóide e pouco comprimido lateralmente.
É originário da Europa, porém atualmente está amplamente distribuído, como no sul do Brasil. Esta planta cresce em terrenos baldios, sobre solos arenoso, calcários e bem drenados.

Nome Científico: Hyoscyamus niger L. Sinonímia: Hyoscarpus niger Dulac; Hyoscyamus agrestis Kit.; Hyoscyamus auriculatus Tenore; Hyoscyamus bohenicus F.W.Schimidt; Hyoscyamus lethalis Salisb.; Hyoscyamus officinarum Crantz; Hyoscyamus pallidus Waldst. et Kit. ex Willd.; Hyoscyamus persicus Boiss. et Bushe; Hyoscyamus pictus Roth; Hyoscyamus syspirensis C.Koch; Hyoscyamus verviensis Lej.; Hyoscyamus vulgaris Neck.


Nome Popular: Meimendro, Meimendro Negro e Erva Louca, em português; Bilsenkraut, na Alemanha; Eulme, na Dinamarca; Beleño, Beleño Negro, Haba de Cerdo, Hierba de Gallina, Herba de las Punzadas, Herba Loca, Hioscianuro e Jusquiana, em espanhol; Hannebane, Herbe Aux Engelures, Herbe Aux Teignes, Jusquiame, Jusquiame Noire, Mort-Aux-Poules, Porcelet e Potelée, na França; Bilsenkruid, na Holanda; Black Henbane, Henbane, Hogbean, Poison Tabacco e Foetid Nightshade, em inglês; Giusquiamo, na Itália; Bielun, na Polônia.

Denominação Homeopática: HYOSCYAMUS.

Família Botânica: Solanaceae.

Parte Utilizada: Folha, flor e caule.

Princípio Ativo: Alcalóides Tropânicos (0,05-0,10%): escopolamina (mais de 50%), hiosciamina, apoatropina, escopina, escopolina, tropina e cuscohigrina; Flavonóides: rutosídeo; Colina; Matérias Tânicas.


Indicações e Ação Farmacológica: Tanto o Meimendro quanto a beladona são indicados no tratamento da bradicardia sinusal (por exemplo, após o infarto no miocárdio); na dilatação pupilar no Parkinsonismo; na prevenção de cinetose; como pré-medicação anestésica para ressecar secreções; em doenças espásticas do trato biliar, cólico-ureteral e renal, entre outras indicações.
Os efeitos produzidos por seus alcalóides são discutidos na ação farmacológica da Beladona (ver literatura). É muito semelhante à Beladona e ao Estramônio em sua ação, porém mais tênue, devido ao menor teor de alcalóides tropânicos.
Os alcalóides presentes nas folhas do Meimendro, assim como a Beladona, apresentam uma ação anticolinérgica, atuando como antiespasmódico, midriático, antisecretor, broncodilatador leve, coadjuvante no tratamento da doença de Parkinson devido ao seu efeito sedativo sobre o sistema nervoso central e analgésico local. A atividade predominante corresponde em grande parte pela escopolamina, cuja ação parasimpatomimética é menos marcante que a atropina ou a hiosciamina. Não obstante, ao nível central provoca depressão central, sonolência, amnésia, transtornos motores, potencializando a ação dos hipnóticos e neurolépticos.
Extratos de Meimendro têm demonstrado, in vitro, possuir atividade bactericida, fungicida e antiamebiana, frente ao Bacillus subtilis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Priteus vulgaris e Entamoeba histolytica (Dafni A.e Yaniv Z., 1994).

Toxicidade/Contra-indicações: Alguns casos de intoxicação relatados se deram pelo consumo acidental de suas folhas, as quais foram confundidas com as de Dente de Leão (Taraxacum officinalis). Casos excepcionais relatam intoxicação pelo consumo do leite ou da carne de animais herbívoros que não são sensíveis aos alcalóides desta planta. Pode-se observar num intoxicação acidental confusão mental, enxaqueca, taquicardia, delírio, miose e nos casos mais graves, estados convulsivos (Forsyth A., 1968).
Antes do aparecimento dos sinais de intoxicação, precede-se uma lavagem gástrica com solução de ácido tânico a 4%. Como antídoto: cafeína ou morfina com muita precaução.

Dosagem e Modo de Usar: Não há referências nas literaturas consultadas.

Referências Bibliográficas:
• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos
Aires 1998.

• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.

• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.

• SIMÕES, C. M. O. Farmacognosia da Planta ao Medicamento. 1ª edição.
1999.

• ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.

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