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terça-feira, 10 de março de 2009

Unha de Gato



Planta de uso tradicional no Peru, a Unha de Gato é uma trepadeira lenhosa, de porte arbustivo que cresce apoiada à outra árvore. Possui folhas compostas, opostas e ovais, de ápice agudo e ovais, de textura membranácea, pecíolo curto de 1,5 centímetros de comprimento e 2 milímetros de largura, presença de estípulas interpecioladas e espinhos. As flores são hermafroditas e actimorfas, de cor amarela, dispostas em racimos. O fruto é uma cápsula septicida bivalva, onde se encontram sementes dicotiledôneas, fusiformes e longitudinais. O caule possui poucas estrias longitudinais. A raiz é cilíndrica, com segmentos papilosos.
A presença de espinho semelhante às unhas de um gato é responsável pelo nome popular. Estima-se que existam aproximadamente de 50 a 60 espécies do gênero Uncaria, onde duas se destacam: Uncaria tomentosa e Uncaria guianensis, as quais possuem algumas diferenças: a Uncaria tomentosa está distribuída em numerosas áreas da América do Sul e Central, tais como: Panamá, Nicarágua, Trindade, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Belize, Colômbia, Equador, Venezuela e Peru, sendo encontrada em altitudes entre 800 e 2500 metros, podendo alcançar até 20 metros de comprimento; enquanto a Uncaria guianensis distribui-se apenas no Brasil, Venezuela, Bolívia, Peru e Paraguai, sendo encontrada em altitudes menores e chegam a alcançar 30 metros de comprimento. Porém a diferença principal entre essas duas espécies está no formato das flores e diferenças nas folhas. Ambas possuem espinho característico. As propriedades terapêuticas relativas à Unha de Gato são atribuídas a Uncaria tomentosa e, portanto é considerada como a Unha de Gato verdadeira.

Nome Científico: Uncaria tomentosa (Wild) DC. Sinonímia: Nauclea acuelata HBK; Nauclea tomentosa Willd. ex R. & S.; Ourouparia tomentosa (Willd. ex R. & S.) Schum.

Nome Popular: Unha de Gato, no Brasil; Uña de Gato, em espanhol e Cat’s Claw em inglês.

Família Botânica: Rubiaceae.

Parte Utilizada: Casca.

Princípios Ativos: Alcalóides: rincofilina, isorincofilina, mitrafilina, isomitrafilina, F-mitrafilina, hirsuteína, hirsutina, dihidrocorianteína, isopteropodina A, pteropodina, speciofilina e uncarina; Polifenóis (epicatequina); Procianidinas A, B1, B2 e B4; Glicosídeos e Triterpenos do Ácido Quinóvico; Fitosteróis: b-sitosterol, estigmasterol e campesterol;

Indicações e Ação Farmacológica: A Unha de Gato é indicada na artrite reumatóide, lupus e outras colagenopatias, graças a sua atividade antiinflamatória e imunoestimuladora; devido ao seu mecanismo imunoestimulante e antimutagênico pode ser empregada em tumores metastásicos, sarcoma de Kaposi e candidíases; devido a sua atividade antiviral pode ser empregada em enfermidades virais como o herpes genital e herpes zoster. Popularmente é empregada em tratamentos das inflamações osteoarticulares, cistite, gastrite, úlceras gastroduodenais, diabetes, viroses, asma e convalescença.
Os alcalóides da Unha de Gato atuam nas seguintes atividades:

Atividade Imunoestimuladora e Antitumoral: A atividade imunomoduladora está centrada através da estimulação do processo fagocitário, por meio dos extratos alcoólicos previamente alcalinizados, logo tratados com etilacetatos e posteriormente acidificados. Chega-se a conclusão que após realizar o teste dos granulócitos, o qual permite avaliar a tividade defensiva dos glóbulos brancos, assim como também por técnicas de quimioluminiscência que mede o grau de fagocitose dos leucócitos por meio de multiplicadores de luz. Em ambos os estudos o alcalóide isopteropodina possui a mais alta atividade fagocítica, seguido pela isomitrafilina (Kreutzkamp B. e Huber C., 1984; Wagner H et al.,1985).
Também se observou um aumento substancial no número de monócitos (quase 50% após uma semana de tratamento). Os granulócitos aumentaram em 60% seu poder fagocitário (medido através do método de Brand com partículas Zimosan) na presença de extratos a 0,01%. Sob controle normal, os linfócitos T não apresentaram modificações proliferativas, mas sim sob na presença de antígenos, o qual abre uma porta para a investigação de enfermidades como o sarcoma de Kaposi, candidíase sistêmica, AIDS, herpes e câncer (Wagner H. et al., 1985).
De acordo com investigações dirigidas pelo Dr. Wagner, pode-se comprovar dentre outras coisas, que o conjunto de alcalóides misturados carecia de muitas propriedades farmacológicas salvo quando se agregava um tanino denominado catequina 10%. Não obstante, os extratos livres de taninos têm demonstrado conservar a atividade contra determinados vírus in vitro, produzindo uma inibição da síntese de DNA no sarcoma 180 e um aumento do nível de imunoglobulinas em pacientes com melanoma (Aquino et al., 1989).
Recentes estudos realizados na Alemanha comprovaram que um grupo de pacientes tratados com quimioterapia, citostáticos e Uncaria tomentosa de forma conjunta apresentaram melhor prognóstico de acordo com a evolução clínica observada em relação a outro grupo de enfermos que somente haviam recebido quimioterapia e citostáticos (Diehl I., 1993).

Atividade Antimutagênica e Antioxidante: Alguns trabalhos realizados na Argentina determinaram que os extratos metanólicos da casca e raiz da Uncaria tomentosa apresentam compostos que intervêm na redução da lipoperoxidação e da formação de radicais livres derivados do dano produzido por intoxicação com etanol, tetracloreto de carbono ou carragenina sobre as moléculas de DNA em modelos experimentais in vitro. Os resultados evidenciaram que este extrato apresenta atividade antioxidante tanto em modelos que envolvem a oxidação dos lipídeos componentes de membranas celulares, assim como também no dano oxidativo ao DNA (Desmarchelier C. et al., 1996; Ibid 1998).

Atividade Antiinflamatória e Antiviral: Demonstrou-se que os compostos glicosídicos e triterpênicos do ácido quinóvico têm demonstrado possuir ação antiviral e antiinflamatória. Nesse sentido, a ação antiviral foi experimentada sobre os vírus do tipo RNA: o vírus da estomatite vesicular e uma cepa do gênero rhinovirus. De acordo com esses estudos, demonstrou-se que todos os compostos glicosídicos (seis em total) possuíam efeito antiviral unicamente contra o vírus da estomatite vesicular (Iaccarino F. 1988 e Aquino R. et al., 1991).
Com relação à atividade antiinflamatória, o glicosídeo nº 7 do ácido quinóvicpo mostrou ser pó mais ativo, de acordo com provas realizadas frente a indometacina e placebo. Nas mesmas se induziu um processo edematoso na pata de um rato com uma injeção de carragenina a 1%, medindo-se o volume da pata em diferentes intervalos mediante a plestimografia. A redução do edema com os extratos de Uncaria tomentosa foram algo menores aos da indometacina, alcançando 69% de eficácia.
Com relação a fração esteroidal, esta apresentou atividade antiinflamatória somente, a qual estaria com a presença de compostos b-sitosterol (60% da fração esteroidal), campestrol e estigmasterol (Senatore A. e col., 1989).

Toxicidade/Contra-indicações: É bem tolerada nas doses usuais. Ocasionalmente verificou-se casos de febre, constipação ou diarréia que cedem diante a suspensão da medicação. Já foram mencionados casos com sintomas hepáticos e alterações do nervo óptico. Altas doses foram tidas como um efeito anticonceptivo (Keplinger K. 1982).
A DL50 do extrato seco foi calculada em aproximadamente 162 mg/kg em ratos. A administração em ratos por via intraperitoneal de 2 a 5 g/kg durante 18 dias não produziu alterações nem comportamentos anormais nos animais. Os estudos realizados tanto na Alemanha quanto no Peru demonstraram que a Uncaria tomentosa não é tóxica nem mutagênica.
É contra-indicado o uso durante a gravidez, lactação e para crianças menores de três anos por falta de estudos adequados. Recomenda-se não tomar Unha de Gato dois dias antes e dois dias depois da aplicação de quimioterapia devido a seu forte efeito imunoestimulante.

Dosagem e Modo de Usar:
Decocção: a 2%, durante 20 minutos, três ou mais xícaras ao dia.
Tintura (1:1): em solução alcoólica 70º, 50-100 gotas, uma a três vezes ao dia.
No comércio existem cápsulas de Uncaria tomentosa, na razão de 150 mg por unidade, recomendando-se a dose de até 6 cápsulas diárias nas refeições, divididas em 2-3 doses.

Referências Bibliográficas:

PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª edição. 1998.

ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Ediciones. Buenos
Aires. 1998 ( obra que cita as referências mostradas nos itens Indicações e Ações
Farmacológicas/ Toxicidade e Contra-indicações).

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