Outros nomes populares
Alcachofra-hortícula, alcachofra-comum, alcachofra-de-comer, alcachofra-cultivada, alcachofrahortense, alcachofra-rosa, cachofra.Origem
Norte da África e Mediterrâneo.Histórico
O nome botânico Cynara tem origem na tradição de usar cinzas na adubação (latim: cinis, cineris), enquanto scolymus deriva do grego skolymus, referindose aos espinhos presentes nas brácteas que envolvem as inflorescências.Na Grécia Antiga era muito cultivada nos jardins dos palácios. Suas primeiras descrições medicinais constam de 1578, na obra de Nilzaud, e em 1672, por Bauderon. No início do século 18 alguns autores como LangeMurray preconizavam o uso de suas folhas em casos de icterícia e hidropisia.
Foi registrada nas Farmacopeias Brasileiras 2a edição (1959) e 3a edição (1977) e, apesar de ser uma espécie de amplo uso, não foi incluída na 5a edição (2010).1,2 Porém, foi contemplada na RDC 26/2014 e na 1a edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (2011).
Principais componentes químicos
As folhas apresentam ácidos fenólicos (> 2%), principalmente ácidos clorogênico, cafeico, diéster do ácido quínico e cinarina (ácido 1,3dicafeoilquinico). Contêm também lactonas sesquiterpênicas amargas (cinaropicrina, aguerina B e grosheimina), flavonoides (0,1 a 1,0%) (apigenina 7Oglucoronídeo, rutina, hesperitina, quercetina, escolimosídeo, luteolina7Orutinosídeo, luteolina7Oglucosídeo), fitosteróis (lupeol, taraxasterol e βtaraxasterol), açúcares, inulina, enzimas e óleo essencial constituído principalmente de βselineno, eugenol e cariofileno4,5. Os principais bioativos identificados são cinaropicrina, cinarina (ácido 1,3dicafeoilquinico), ácido 3cafeoilquinico (ácido clorogênico) e escolimosídeo.5,6Atividades farmacológicas
Na década de 1930 foram realizados os primeiros estudos clínicos com resultados satisfatórios em doenças hepáticas para os extratos da folha de Cynara scolymus, mas somente na década de 1950 foram investigados os prováveis bioativos, identificandose a cinarina (polifenol) como um dos constituintes mais importantes. As pesquisas préclínicas e clínicas demonstram que o extrato é útil no tratamento da dispepsia por causa do efeito colerético (estímulo à produção de bile),7 enquanto as atividades antioxidante e antiinflamatória são responsáveis pelo efeito hepatoprotetor.8,12 Foram obtidos ótimos resultados em pacientes com colecistopatias, principalmente no caso de discinesias das vias biliares e da síndrome póscolecistectomia. Estudo clínico demonstrou que a secreção biliar aumentou em 127% e 152% em 30 e 60 min, respectivamente, após administração de extrato de alcachofra.13 Um ensaio revelou redução em 40% nos sintomas dispépticos em 454 voluntários tratados durante 2 meses com extrato padronizado da planta na dose de 320 ou 640 mg/dia.14 Outro estudo duplocego e controlado por placebo sugere que a associação dos extratos padronizados de Zingiber officinale (20 mg) e Cynara scolymus (100 mg), antes das refeições, é mais eficaz que cada planta individualmente. Essa associação foi eficaz em 86,2% dos casos após 28 dias de tratamento, com redução acentuada da intensidade da dispepsia.15 Têm sido observados bons resultados com o uso da alcachofra na melhora dos sintomas da síndrome do intestino irritável.16,17 Estudos farmacológicos confirmaram a ação hepatoprotetora de Cynara scolymus. O suco das folhas desta espécie provoca redução dos níveis de colesterol total, colesterol LDL e triglicerídios, e aumenta o colesterol HDL.18 Outro trabalho realizado com extrato metanólico das folhas exibiu atividade antihiperlipidêmica19 em função da estimulação do metabolismo dos ácidos biliares e da bilirrubina, além de inibição da oxidação do LDL e inibição da enzima hidroximetilglutarilCoA redutase.4A cinaropicrina testada isoladamente mostrou atividade antiespasmódica e estimulou a produção de suco gástrico.18
Indicações e usos principais
- Hepatites
- Prevenção de hepatotoxicidade
- Colelitíases
- Discinesias biliares
- Estimulante do apetite
- Laxativo
- Diurético
- Lipemias
- Aterosclerose
- Auxiliar em anemias (as brácteas como alimento)
- Síndrome do intestino irritável.
Uso etnomedicinal
Segundo Peckolt, as folhas são usadas como diurético e resolutivo contra a hidropisia; médicos europeus recomendam o suco das folhas no combate ao reumatismo e icterícia.20 As folhas são ainda utilizadas na medicina popular na preparação de remédios para ativar a vesícula, proteger o fígado, baixar o colesterol e o açúcar no sangue, melhorar o funcionamento dos rins, facilitar a digestão e eliminar as pedras da vesícula.21Posologia
Planta seca rasurada: 2 g, 3 vezes/diaPó: 600 a 1.500 mg/dia divididos em 2 a 4 vezes 22
Extrato seco (12:1): 500 mg/dia.
Extrato fluido (1:1): 2 mℓ, 3 vezes/dia
Tintura: 5 a 25 mℓ/dia.
Extratos disponíveis no mercado brasileiro
Extrato seco de Cynara scolymus padronizado em 1% de ácido cafeoilquínico.Contraindicações
Na gravidez, por insuficiência de dados; durante a lactação, devido à presença de substâncias amargas que podem alterar o sabor e a consistência do leite materno; no caso de obstrução das vias biliares e em crianças menores de 12 anos, também por insuficiência de dados.22Precauções
Foram relatados casos de diarreia leve com espasmos abdominais, queixas epigástricas como náuseas e azia, bem como reações alérgicas.23 Toxicidade Pode provocar dermatite de contato em função da presença de lactonas sesquiterpênicas.24Referências bibliográficas
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2 comentários:
Como plantar semente ou muda onde conseguir
A diarréia leve é comum ou devo me preocupar?
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