Pesquisa de Dicas e Ervas

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quarta-feira, 24 de abril de 2019

Alcachofra



Outros nomes populares 

Alcachofra-­hortícula, alcachofra­-comum, alcachofra­-de-­comer, alcachofra­-cultivada, alcachofra­hortense, alcachofra­-rosa, cachofra.

Origem 

Norte da África e Mediterrâneo.




Histórico 

O nome botânico Cynara tem origem na tradição de usar cinzas na adubação (latim: cinis, cineris), enquanto scolymus deriva do grego skolymus, referindo­se aos espinhos presentes nas brácteas que envolvem as inflorescências.

Na Grécia Antiga era muito cultivada nos jardins dos palácios. Suas primeiras descrições medicinais constam de 1578, na obra de Nilzaud, e em 1672, por Bauderon. No início do século 18 alguns autores como Lange­Murray preconizavam o uso de suas folhas em casos de icterícia e hidropisia.

Foi registrada nas Farmacopeias Brasileiras 2a edição (1959) e 3a edição (1977) e, apesar de ser uma espécie de amplo uso, não foi incluída na 5a edição (2010).1,2 Porém, foi contemplada na RDC 26/2014 e na 1a edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (2011).

Principais componentes químicos

As folhas apresentam ácidos fenólicos (> 2%), principalmente ácidos clorogênico, cafeico, diéster do ácido quínico e cinarina (ácido 1,3­dicafeoilquinico). Contêm também lactonas sesquiterpênicas amargas (cinaropicrina, aguerina B e grosheimina),  flavonoides  (0,1  a  1,0%)  (apigenina  7­O­glucoronídeo,  rutina,  hesperitina,  quercetina,  escolimosídeo, luteolina­7­O­rutinosídeo, luteolina­7­O­glucosídeo), fitosteróis (lupeol, taraxasterol e β­taraxasterol), açúcares, inulina, enzimas  e  óleo essencial  constituído  principalmente  de  β­selineno,  eugenol  e  cariofileno4,5.  Os  principais  bioativos identificados  são  cinaropicrina,  cinarina  (ácido  1,3­dicafeoilquinico),  ácido  3­cafeoilquinico  (ácido  clorogênico)  e escolimosídeo.5,6

Atividades farmacológicas 

Na década de 1930 foram realizados os primeiros estudos clínicos com resultados satisfatórios em doenças hepáticas para os extratos da folha de Cynara scolymus, mas somente na década de 1950 foram investigados os prováveis bioativos, identificando­se a cinarina (polifenol) como um dos constituintes mais importantes. As pesquisas pré­clínicas e clínicas demonstram que o extrato é útil no tratamento da dispepsia por causa do efeito colerético (estímulo à produção de bile),7 enquanto as atividades antioxidante e anti­inflamatória são responsáveis pelo efeito hepatoprotetor.8,12 Foram obtidos ótimos resultados em pacientes com colecistopatias, principalmente no caso de discinesias das vias biliares e da síndrome pós­colecistectomia. Estudo clínico demonstrou que a secreção biliar aumentou em 127% e 152% em 30 e 60 min, respectivamente, após administração de extrato de alcachofra.13 Um ensaio revelou redução em 40% nos sintomas dispépticos em 454 voluntários tratados durante 2 meses com extrato padronizado da planta na dose de 320 ou 640 mg/dia.14 Outro estudo duplo­cego e controlado por placebo sugere que a associação dos extratos padronizados de Zingiber  officinale  (20  mg)  e  Cynara  scolymus  (100  mg),  antes  das  refeições,  é  mais  eficaz  que  cada  planta individualmente. Essa associação foi eficaz em 86,2% dos casos após 28 dias de tratamento, com redução acentuada da intensidade da dispepsia.15 Têm sido observados bons resultados com o uso da alcachofra na melhora dos sintomas da síndrome do intestino irritável.16,17 Estudos farmacológicos confirmaram a ação hepatoprotetora de Cynara scolymus. O suco das folhas desta espécie provoca redução dos níveis de colesterol total, colesterol LDL e triglicerídios, e aumenta o colesterol HDL.18 Outro trabalho realizado com extrato metanólico das folhas exibiu atividade anti­hiperlipidêmica19 em função da estimulação do metabolismo dos ácidos biliares e da bilirrubina, além de inibição da oxidação do LDL e inibição da enzima hidroximetilglutaril­CoA redutase.4

A cinaropicrina testada isoladamente mostrou atividade antiespasmódica e estimulou a produção de suco gástrico.18

Indicações e usos principais 


  • Hepatites 
  • Prevenção de hepatotoxicidade 
  • Colelitíases 
  • Discinesias biliares 
  • Estimulante do apetite 
  • Laxativo 
  • Diurético 
  • Lipemias 
  • Aterosclerose 
  • Auxiliar em anemias (as brácteas como alimento) 
  • Síndrome do intestino irritável. 


Uso etnomedicinal 

Segundo Peckolt, as folhas são usadas como diurético e resolutivo contra a hidropisia; médicos europeus recomendam o suco das folhas no combate ao reumatismo e icterícia.20 As folhas são ainda utilizadas na medicina popular na preparação de remédios para ativar a vesícula, proteger o fígado, baixar o colesterol e o açúcar no sangue, melhorar o funcionamento dos rins, facilitar a digestão e eliminar as pedras da vesícula.21

Posologia 

Planta seca rasurada: 2 g, 3 vezes/dia
Pó: 600 a 1.500 mg/dia divididos em 2 a 4 vezes 22
Extrato seco (12:1): 500 mg/dia.
Extrato fluido (1:1): 2 mℓ, 3 vezes/dia
Tintura: 5 a 25 mℓ/dia.

Extratos disponíveis no mercado brasileiro 

Extrato seco de Cynara scolymus padronizado em 1% de ácido cafeoilquínico.




Contraindicações 

Na gravidez, por insuficiência de dados; durante a lactação, devido à presença de substâncias amargas que podem alterar o sabor e a consistência do leite materno; no caso de obstrução das vias biliares e em crianças menores de 12 anos, também por insuficiência de dados.22

Precauções 

Foram relatados casos de diarreia leve com espasmos abdominais, queixas epigástricas como náuseas e azia, bem como reações alérgicas.23 Toxicidade Pode provocar dermatite de contato em função da presença de lactonas sesquiterpênicas.24

Referências bibliográficas 

Farmacopeia Brasileira. 2a edição. São Paulo: Indústria Gráfica Siqueira; 1959.
Farmacopeia Brasileira. 3a edição. São Paulo: Organização Andrei; 1977.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no 26, de 13 de maio de 2014, e seu anexo, Instrução Normativa 2/14, dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notificação de produtos tradicionais fitoterápicos. 2014.
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Magielse J, Varlaet A, Breynaert A, Keenoy BM, Apers S, Pieters L, et al. Investigation of the in vivo antioxidative activity of Cynara scolymus (artichoke) leaf extract in the streptozotocin­induced diabetic rats. Mol Nutri Food Res. 2014; 58(1):211­215.
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Simões CMO. Farmacognosia: da planta ao medicamento. UFRGS; Florianópolis: UFSC; 2001.

2 comentários:

Unknown disse...

Como plantar semente ou muda onde conseguir

Unknown disse...

A diarréia leve é comum ou devo me preocupar?
Uso alcachofra em cápsulas para tratar gordura no fígado.