Fruto do tomateiro, o Tomate atualmente constitui um dos alimentos mais consumidos no mundo. Foi encontrado pelos espanhóis na América, onde crescia espontaneamente desde o Perú até o México, começando a surgir nas hortas européias por volta de 1550. Até o século XVIII era somente cultivado como planta ornamental, pelo motivo de ser considerado tóxico. Hoje, porém, é bastante apreciado em forma de saladas, molhos e condimentos. Industrialmente é matéria-prima de diversos produtos, tais como massa de tomate, no preparo de sucos, purê, etc.
É uma herbácea, anual, ramosa, glandulífero pilosa e inerme. As folhas são pinatissetas, com pinas ovais ou cordiformes-oblongas, agudas, oblíquas na base, simples ou duplo-serreadas , com dentes agudos ou obtusos. Possui inflorescência cimosa, bífida ou simples, com flores de coloração amarela, de pedúnculos patentes ou bracteados. O fruto é uma baga que é variável no formato, tamanho e coloração, contendo pequenas e inúmeras sementes.
Nome Científico: Lycopersicum esculentum Mill. Sinonímia: Lycopersicum cerasiforme Dun; Lycopersicum galeni Mill.; Lycopersicum lycopersicum H.Karst.; Lycopersicum pomum-amoris Moench; Lycopersicum solanum Medik.; Lycopersicum solanum-lycopersicum Hill; Solanum humboldtii Willd.; Solanum luridum Salisb.; Solanum lycopersicum L.; Solanum pseudo-lycopersicum Jacq.; Solanum spurium J.F.Gmel.
Nome Popular: Tomate e Tomateiro, em português; Liebesapfel, Paradeiser, Tomate e Tomatenpflanze, na Alemanha; Tomate e Tomatera, em espanhol; Pomme D’amour, Pomme du Pérou e Tomate, na França; Love Apple, Tomato e Tomato Plant, em inglês; Pomodoro, Pomidoro e Tomate, na Itália.
Denominação Homeopática: SOLANUM LYCOPERSICUM.
Família Botânica: Solanaceae.
Parte Utilizada: Fruto.
Observação: Em Homeopatia são utilizados além do fruto, as folhas bem como o vegetal inteiro.
Princípios Ativos/Composição:
· Vitaminas: Retinol (Vit. A), Tiamina (Vit. B1), Riboflavina (Vit. B2), Niacina (Ácido Nicotínico) e Ácido Ascórbico (Vit. C);
· Proteínas;
· Glicídios;
· Lipídios;
· Sais Minerais: Cálcio, Ferro, Fósforo, Sódio, Potássio, Magnésio, Manganês, Enxofre, Cobre, Zinco e Iodo.
· Ácidos Orgânicos: Málico, Cítrico, Tartárico, Oxálico e Succínico;
· Pigmentos: Licopeno e Xantofila.
Observação: O uso interno do Tomate Verde deve ser evitado devido a presença do alcalóide solanina, à semelhança das folhas e dos caules.
Indicações e Ações Farmacológicas: O Tomate é essencialmente empregado na alimentação, devido principalmente pela presença de vitamina C e magnésio. O restante dos componentes estão em concentrações muito baixas, estando longe das necessidades nutricionais, porém são essenciais ao organismo. Desta forma é imprescindível manter uma alimentação balanceada, de forma a suprir todas essas necessidades.
A polpa do fruto tem atividade antifúngica local devido em parte à tomatina que é capaz de inibir totalmente o crescimento de Candida albicans (monília).
Por via oral tem ação antimutagênica, antihistamínica, antiinflamatória e inibidora da absorção do colesterol.
Também foram encontradas nas literaturas consultadas as propriedades adstringente, aperitiva, diurética, laxativa e refrescante, além das indicações para picadas de insetos, queimaduras e estimulante do apetite.
Em Homeopatia sua principal indicação é na gripe de forma reumática, com dores por todo o corpo, e na febre de feno, com profusa coriza aquosa, rouquidão e tosse.
Com relação ao valor alimentar do Tomate, temos as funções de cada componente deste:
· Vitamina A (Retinol): A Vitamina A promove muitas funções importantes no organismo, como a ação protetora na pele e mucosas e papel essencial na função da retina e da capacidade funcional dos órgãos de reprodução.
Ela faz parte da púrpura visual, pois o retinol combina-se com a proteína opsina para formar a rodopsina ou púrpura visual nos bastonetes da retina do olho, que tem por função a visão na luz fraca.
A deficiência de vitamina A interfere na com a visão, acarretando a condição conhecida como cegueira noturna.
Um Tomate maduro crú apresenta em média cerca de 60 mcg de retinol em composição centesimal.
· Vitamina B1 (Tiamina): Sua forma ativa é o pirofosfato de tiamina, o qual é coenzima do piruvato-descarboxilase e 2-oxo-glutarato-diidrogenase. Exerce um papel importante no processo de descarboxilação e oxidação de 2-oxo-ácidos. Também é coenzima da transcetolase, exercendo papel importante na transferência de grupos aldeídos no ciclo da pentose fosfato.
A deficiência de Tiamina mais grave conhecida é o beribéri, que dentre os sinais e sintomas mais comuns estão a taquicardia; dispnéia; dilatação cardíaca, levando à insuficiência cardíaca congestiva e edema nos membros inferiores.
Um Tomate maduro crú apresenta em média cerca de 80 mcg de Tiamina em composição centesimal.
· Vitamina B2 (Riboflavina): Apresenta papel dos mais importantes em diversos processos metabólicos, achando-se envolvida na transformação dos lipídios, proteínas e glicídios. Está sob a forma de flavina-mononucleotídeo, ou FMN, e principalmente sob a forma de flavina-adenina-dinucleotídeo ou FAD, formando o grupo prostético de várias enzimas que se caracterizam por atuar como agentes que promovem a transferência de hidrogênio. É o constituinte ativo de diversas enzimas entre as quais atuam no transporte de oxigênio e portanto na respiração celular e processos de oxidação.
A deficiência da riboflavina no homem é caracterizada por uma síndrome definida, manifestando-se sob a forma de glossite com vermelhidão, queratose folicular seborréica no nariz e testa e dermatite na região anogenital.
Um Tomate maduro crú apresenta em média cerca de 113 mcg de Riboflavina em composição centesimal.
· Niacina (Ácido Nicotínico): Exerce importantes funções na regulação do metabolismo dos glicídios, proteínas e ácidos graxos e no metabolismo energético. Apresenta-se sob a forma de duas coenzimas: o NAD e o NADPH.
A pelagra, clássica deficiência de Niacina, é acompanhada de manifestações clínicas e laboratoriais de características simultâneas como a redução da excreção urinária da N-metil-nicotinamida e da N-metil-6-piridona-3-carboxamida. Esta deficiência foi denominada a doença dos 3 D: dermatose, diarréia e demência, representados por anorexia, perda de peso, crises de cefaléia e alterações do psiquismo.
Um Tomate maduro crú apresenta em média cerca de 0,450 mg de Niacina em composição centesimal.
· Vitamina C (Ácido Ascórbico): Principal vitamina encontrada no Tomate. Exerce grande número de funções em numerosas reações químicas e é elemento de grande importância não só pela sua função tampão nos processos de oxi-redução, como também pelas particularidades de sua estrutura molecular capaz de transferir ambos íons ou elétrons de hidrogênio em processos reversíveis. Interfere no metabolismo do ferro,
da glicose e de outros glicídios, facilitando absorção das hexoses, assim como a glicogênese hepática. Atua também no metabolismo da fenilalanina e da tirosina, na síntese de colágeno, na síntese de glicorticóides, exerce efeito benéfico sobre a resistência à fadiga.
O escorbuto é a mais grave manifestação da carência da Vitamina C no organismo, afetando primariamente o sistema mesenquimal. Na fase pré-clínica é caracterizado por anorexia, dores musculares, sensibilidade geral ao toque, dor na boca e nas gengivas que sangram levando à perda dos dentes, inchaço nos membros inferiores e hemorragias. Na fase de deficiência ocorre taquicardia, dispnéia e qualquer estresse grave e especialmente infecção podem precipitar os sintomas de escorbuto. Nas crianças ocorre parada da função osteoblástica e odontoblástica.
Um Tomate maduro crú apresenta em média cerca de 34,3 mg de Vitamina C em composição centesimal.
· Cálcio: É essencial para a formação dos ossos e dos dentes, tem importante participação na coagulação sangüínea, possui papel vital na contração e relaxamento muscular, processos bioquímicos e ativador de várias enzimas.
A hipocalcemia é a deficiência de cálcio e é caracterizada por sinais como a tetania, parestesias, laringoespasmos, convulsões e hipersensibilidade muscular tônico-clônica.
Um Tomate maduro apresenta em média cerca de 9 mg cálcio em composição centesimal.
· Ferro: É essencial para a formação da hemoglobina, assim como em diversos processos biológicos.
A deficiência de ferro é a causa mais comum da anemia nutricional.
Um Tomate maduro apresenta em média cerca de 1,67 mg de ferro em composição centesimal.
· Fósforo: Apresenta numerosas funções tais como: integrar a estrutura de ossos e dentes, participar do metabolismo de glicídios, atuar na contração muscular, é componente dos fosfolipídeos, é componente de nucleoproteínas, dente outras funções.
A deficiência de fósforo acompanha-se de grande número de manifestações tais como dores ósseas, osteomalácia, pseudofraturas, miopatias, hipoparatiroidismo, hipoglicemia, resistência à insulina, acidose metabólica, alcalose respiratória, hipocalemia, hipomagnesemia e gota.
Um Tomate maduro apresenta em média cerca de 43 mg de fósforo em composição centesimal.
· Sódio: É um dos principais fatores da regulação osmótica do sangue, plasma, fluidos intercelulares e do equilíbrio ácido-básico; é essencial à motilidade e
excitabilidade muscular e para o bom funcionamento da bomba de sódio; é essencial para a distribuição orgânica de água e volume sangüíneo.
Na deficiência de sódio pode-se observar letargia, fraqueza progredindo rapidamente para convulsões e morte.
Um Tomate maduro com semente apresenta em média cerca de 42 mg de sódio em composição centesimal.
· Potássio: É um dos fatores que intervém na regulação osmótica e equilíbrio hídrico do organismo; atua no metabolismo de glicídios; interfere na síntese protéica; participa de três sistemas tampões das hemácias; atua na transmissão nervosa, na tonicidade muscular, na função renal e na contração muscular cardíaca.
Na hipocalemia que é a baixa concentração de potássio, independentemente do teor de potássio corporal total, são observados sintomas como vômitos, distensão abdominal,
íleo paralítico, redução ou ausência de reflexos, parestesias, dispnéia, polidipsia, hipotensão, dilatação cardíaca, arritmia e coma.
Um Tomate maduro com semente apresenta em média cerca de 209,4 mg de potássio em composição centesimal.
· Magnésio: Os íons magnésio atuam como coenzimas em todas as enzimas envolvidas na transferência de fosfato que utiliza ATP, das fosfatases alcalinas que hidrogenam os ésteres fosfóricos, ativando também as fosforilases, atuando, portanto, no metabolismo intermediário do fósforo e dos glicídios.
· Manganês: Esta relacionado com o metabolismo da tiamina. A deficiência de Manganês é carcaterizada por modificações nas estruturas celulares e deformações específicas do esqueleto.
· Enxofre: Apresenta função plástica, pois concorre na reparação de tecidos e construção de outros, dentre outras funções.
· Cobre: Essencial para diversas funções orgânicas, como a mobilização do ferro para a síntese da hemoglobina, sendo sua deficiência rara para o homem.
· Zinco: Atua na maturação sexual, fertilidade e reprodução, e na função fagocitária, imunitária celular e humoral.
Como deficiência de Zinco podemos citar as seguintes características: diminuição do paladar, retardo no crscimento, alopecia, hipogonadismo, hipospermia e retardamento da maturação sexual, intolerância à glicose e deficiência da imunidade.
· Iodo: A função mais importante está relacionada com a participação na síntese dos hormônios tiroidianos.
A deficiência de Iodo é caracterizada pelo bócio endêmico, suro-mutismo endêmico e retardo neurofísico.
Visto um resumo das vitaminas e sais minerais existentes no Tomate, evidenciando as funções no organismo e as respectivas deficiências, deve-se mais uma vez ressaltar a importância da alimentação balanceada. Estas informações servem para todos os alimentos que contenham estes componentes.
Dosagem e Modo de Usar:
· Homeopatia: 3ª à 30ª;
· Para o tratamento da candidíase (moniliose) bucal, popularmente conhecida como “sapinho”, usa-se o bochecho do sumo recentemente preparado por trituração do fruto e passado em peneira fina;
· Para uso oral contra alergias, inflamações e nível alto de colesterol no sangue, bem como para alívio de problemas urinários devido à inflamação da próstata, emprega-se o próprio fruto em saladas ou na forma de suco em dose correspondente a uma xícara das de chá por dia, durante vários meses.
Referências Bibliográficas:
· FRANCO, G. Tabela de Composição Química dos Alimentos, 9ª edição, Atheneu,
São Paulo, 1992.
· Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Seleções do Reader’s Digest. 1ª
edição. 1983.
· SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.
· CAIRO, N. Guia de Medicina Homeopática. 1983.
· CORRÊA, M. P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. IBDF. 1984.
· PANIZZA, S. Plantas que Curam (Cheiro de Mato). 7ª edição. 1997.