De origem asiática, o Gengibre é uma planta conhecida desde a mais remota Antiguidade. Encontra-se introduzido no Brasil desde o início da colonização, podendo ser encontrado desde do Amazonas até São Paulo.
É uma erva de caules eretos, podendo medir de 30 a 120 centímetros de altura, formados por muitas folhas dísticas, sendo as basilares reduzidas a simples bainhas glabras e estriadas no sentido longitudinal; as bainhas superiores, amplexicaules na base, terminam num limbo séssil, linear, lanceolado e acuminado. Produz inflorescências em forma de espigas ovóides ou elipsóides com flores verde-amareladas, hermafroditas, zigomorfas; apresenta brácteas florais suborbiculares, esverdeadas, freqüentemente com as margens amareladas, puntuadas de roxo, cada uma envolvendo um só flor curto-pedicelada; o fruto é uma cápsula que se abre em três valvas, onde abriga sementes azuladas e com albume carnoso. A Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 1ª Edição (1926) descreve o rizoma do Gengibre, que constitui a droga vegetal:
“O rizoma do gengibre é um simpodo, cujas ramificações são situadas em um só plano, comprimido lateralmente, com 4 a 16 cm de comprimento por 4 a 20 mm de largura e dotado de anéis pouco visíveis e cicatrizes do eixo foliáceo no vértice das ramificações; sua superfície externa é constituída por um tegumento pardo-acinzentado, grosseiramente rugoso, estriado, amiúde mondado sobre as partes laterais, que apresentam, nesse caso, cor quase preta e aspecto córneo.
Sua fratura é curtamente fibrosa ou granulosa, mole e resinosa; sua secção transversal, ovalada, apresenta, abaixo de um epiderma pardo-amarelado bastante espesso, um tecido branco-acinzentado, dividido em duas zonas cheias de numerosas pontoações pardas e amarelas por um círculo pardo muito fino.
O gengibre possui cheiro aromático agradável e particular e sabor quente e picante, mais pronunciado na parte externa.
Nome Científico: Zingiber officinale Roscoe. Sinonímia: Zingiber zingiber Karst.; Amomum zingiber L.; Curcuma longifolia Wall.; Zingiber aromaticum Noronha; Zingiber majus Rumph.; Zingiber missionis Vall.
Nome Popular: Gengibre, Mangaratiá, Mangarataia e Gengivre, no Brasil; Anchoas, no México; Jengibre e Agengibre, na Espanha; Ginger, Common Ginger e Ajengible, em inglês; Ban-ukon e Sanna, no Japão; Hiang, na China; Gengibre Dulce, em Cuba e Porto Rico; Zenzero Aromático, Gengéro, Gengióro, Zinzéro e Zenzàvero, na Itália; Gigembre, na França; Inbir Bebre, na Rússia; Inji e Inguru, no Ceilão; Layá, nas Filipinas; Zentzephil, na Turquia.
Denominação Homeopática: ZINGIBER.
Família Botânica: Zingiberaceae.
Parte Utilizada: Rizoma.
Princípios Ativos: Óleo Essencial: derivados monoterpênicos: beta-felandreno, cineol, citral, geranial, borneol e linanol; derivados sesquiterpênicos: zingibereno, beta-bisaboleno e farnesol; Resina: princípios picantes: gingeróis, shogaóis, gingerenonas A, B e C; Gordura; Amido; Sais Minerais.
Indicações e Ação Farmacológica: O gengibre é indicado na inapetência, nas dispepsias hiposecretoras, na úlcera gastroduodenal, nas disquinesias hepatobiliares, nas vertigens, na asma, na bronquite, em gripes e refriados, em cólicas, no diabete e na prevenção da arterioesclerose. Topicamente é indicado em inflamações osteoarticulares, dores musculares e dores de dente.
O Gengibre promove um efeito aperitivo, estimulante da digestão. É antiulceroso, previne a gastrite, aumenta a secreção salivar, principalmentede ptialina e mucina. É carminativo, espasmolítico, expectorante, laxante (estimula o peristaltismo e o tônus da muculatura intestinal) e hipoglicemiante. Os gingeróis e os shagalóis apresentam uma potente ação antiemética, muito superior a do dimenidrato (um derivado da etanolamina). No uso tópico é rubefasciente e analgésico.
Toxicidade/Contra-indicações: O Gengibre não deve ser utilizado como antiemético durante a gravidez, a lactância, a crianças menores de 6 anos, a pacientes com gastrite, úlceras gastroduodenais, síndrome do cólon irritável, colite ulcerosa, doença de Crohn, afecções hepáticas, epilepsia, doença de Parkinson ou outras complicações de cunho neurológico. Não aplicar topicamente a crianças menores de 6 anos e nem a pessoas que possuam alergias respiratórias por óleos essenciais.
Dosagem e Modo de Usar:
· Uso Interno:
- Pó: 2 gramas/dia, em duas ou três doses, como antiemético;
- Tintura (1:5): 50 gotas, uma a três vezes ao dia;
- Extrato Seco (5:1): 200-400 mg/dia, em duas ou três doses;
· Uso Externo:
- Tintura (1:5): friccionando a área desejada ou diluída a 5% para bocejos;
Referências Bibliográficas:
ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.
PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.
BOTSARIS, A. S. Fitoterapia Chinesa e Plantas Brasileiras. Ícone. 1995.
PANIZZA, S. Plantas que Curam (Cheiro de Mato). 7ª edição. 1997.
CORRÊA, M. P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. IBDF. 1984.
SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.
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