Apreciada desde a Alta Idade Média como planta medicinal, a Hera Terrestre era conhecida pelas propriedades peitoral e vulneraria. No século XVI, era aplicada nas feridas internas e externas e até mesmo era utilizada para combater a loucura.
Na Farmacopéia Francesa existe uma preparação onde a Hera Terrestre é um dos componentes, o chá-suíço, muito eficaz para a recuperação de qualquer tipo de comoção.
A Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil 1ª edição (1926) descreve as partes aéreas desta espécie:
“O caule da hera terrestre é herbáceo, delgado, quadrangular, simples, radicante na base e direito na parte superior, de 15 a 30 cm de altura e guarnecido de folhas opostas, longamente pecioladas, muito distanciadas, reniformes suborbiculares, grosseiramente crenadas, de cor verde sombria ou às vezes arroxeada, mais clara em baixo e pubescentes sobre as nervuras. As flores, azuis ou purpurinas, são reunidas em número de 3 a 4 por glomérulo na axila das folhas superiores; o cálice tubuloso, estriado, apresenta 5 dentes desiguais; a corola, cujo tubo é dilatado acima do cálice, é bilabiada; os estames, em número de 4, são didínamos e suas anteras possuem lojas divergentes que se abrem por uma fenda longitudinal e interna; o gineceu compreende 2 carpelos antero-posteriores, separados um do outro, e cada um dos ovários é dividido por um fenda mediana profunda em 2 lojas mais ou menos distintas; no espaço que separa essas 4 divisões se insere um estilo ginobásico, encimado por 2 lobos estigmáticos; cada loja ovariana contém um óvulo ascendente, anátropo, de micrópilo externo.
Esta planta possui cheiro aromático pouco pronunciado na planta seca, e sabor balsâmico, amargo, levemente acre.”
Nome Científico: Glechoma hederacea L. Sinonímia: Nepeta glechoma Benth.; Calamintha hederaceae Scop.; Calamintha humilior Tourn; Chamaeclema hederacea Moench; Glechoma borealis Salisb.; Glechoma heterophylla Opiz; Glechoma hirsuta Waldst. et Kit.; Glechoma intermedia Schrad. ex Benth.; Glechoma lamiifolia Schur; Glechoma lobulata Kit.; Glechoma longicaulis Dulac; Glechoma magna Mérat; Glechoma micrantha Boenn. ex Rchb.; Glechoma repens Gilib.; Glechoma rigida A. Kern.; Glechoma rotundifolia Raf.; Hedera terrestris vulgaris Bauh.; Nepeta hederacea Trev.
Nome Popular: Hera Terrestre, Erva de São João, Erva Terrestre, Hera, Hortelã do Mato, Malvela e Sanguina, em português; Echter Gundermann, Erdepheu, Gundelrebe e Gundermann, na Alemanha; Jord-Verdbende, na Dinamarca; Hiedra Terrestre e Hierba de San Juan, em espanhol; Herbe de Saint-Jean, Herbe du Bonhomme, Lierre Terrestre, Rondelle e Rondote, na França; Aardevil, na Holanda; Alehoof, Cat’s-Foot, Field-Balm, Gell, Gill, Gill-Over-The-Ground, Ground Ivy, Hedge-Maids, Hove, Ivy-Ground, Tun-Hoof, Wild Snake-Root, em inglês; Corona di Terra e Edera Terrestre, na Itália; Bluszsz Poziemy, na Polônia; Jordrefvor, na Suécia.
Denominação Homeopática: GLECHOMA HEDERACEA.
Família Botânica: Labiatae.
Parte Utilizada: Caule e folha.
Princípios Ativos: Aminoácidos: ácido asparagico, ácido glutâmico, prolina, tirosina, valina; Flavonóides: principalmente os glicosídeos da luteolina, apigenina e quercetina incluindo a luteolin-7-glucobiosideo (cynarosídeo), hiperosídeo, apigenin-7-glicosídeo (cosmosiina) e isoquercitrina; Triterpenóides: incluindo os ácidos, oleanólico, - e -ursólicos e -sitosterol. Investigações na planta inteira revelaram 2- e 2-hidroxiursólico, ácido oleanólico e uvaol; Ácidos Fenólicos: clorogênico, cafêico e rosmarínico; Óleo Essencial: constituído por um sesquiterpeno: glechomafurano e por vários componentes terpenóides, dentre eles: p-cimeno, linalool, limoneno, mentona, -pineno, -pineno, pinocamfona, pulegona e terpineol; Princípio Amargo: marrubiína (uma lactona diterpênica) e glechomina; Saponinas; Taninos.
Indicações e Ações Farmacológicas: A Hera Terrestre é indicada nos estados de gripe, resfriado, faringite, bronquite, asma, colite, ferida e furúnculos. Popularmente é utilizada como sedativo, antidiarréico e contra as afecções urinárias.
As ações da Hera Terrestre conferem: expectorante, anticatarral, adstringente, vulneraria, diurética e antiinflamatória, dentre outras.
A marrubiína é responsável pela ação fluidificante das secreções mucosas e é expectorante. Os taninos promovem atividade adstringente e cicatrizante. Os ácidos fenólicos exercem uma ação anti-séptica.
Estudos em animais in vivo reportaram atividade antiinflamatória em m extrato etanólico de Hera Terrestre, o qual exibiu inibição moderada de edema em induzido por carragenina em pata de ratos.
Os ácidos 2- e 2-hidroxiursólico, demonstraram possuir atividade protetora de úlceras em ratos.
As propriedades antiinflamatória e adstringente são geralmente associadas com os flavonóides e taninos respectivamente. Também é atribuída ao ácido rosmarínico a propriedade antiinflamatória.
Toxicidade e Contra-indicações: Envenenamento em bovinos e eqüinos foram registrados na Europa. Os sintomas incluem aceleração da pulsação, dificuldade em respirar, hemorragia conjuntival, temperatura elevada, tontura, aumento do baço, dilatação do ceco, e gastroenterite revelada post mortem. Atividade anti-tumoral e citotoxicidade tem sido demonstrado pelos ácidos olenólico e ursólico.
O óleo essencial da Hera Terrestre contém muitos terpenóides, sendo desta forma muito irritante para o trato gastrintestinal e rins. A pulegona é um princípio irritante, hepatotóxico e abortivo constituinte do Poejo. Entretanto, comparando as porcentagens de óleos essenciais nestas duas espécies verifica-se que o teor total é de 0,03-0,06% na Hera Terrestre e 1-2% no Poejo.
A Hera Terrestre é contra-indicada na epilepsia. Doses elevadas podem ser irritantes para a mucosa gastrintestinal e deve ser evitada para indivíduos que possuam algum distúrbio renal. Também deve ser evitado o uso durante a gravidez e a lactação.
Dosagem e Modo de Usar:
• Uso Interno:
- Infusão: 2-4 gramas, três vezes ao dia;
- Extrato Fluido (1:1 em álcool 25%): 2-4 ml três vezes ao dia;
- Tintura (1:5): 50-100 gotas, uma a três vezes ao dia;
• Uso Tópico:
- Decocção: 30 a 50 g/l, sob a forma de cataplasmas.
Referências Bibliográficas:
• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª edição.
1998.
• ALBINO, R. Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.
• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.
• British Herbal Compendium. 1st edition. Volume 1. BHMA. 1992.
• NEWALL, C. A.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Herbal Medicines - A
guide for health-care professionals. 1ª edição. Londres. 1996.
• Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Reader’s Digest do Brasil. 1ª edição.
1999.
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