Trata-se de um subarbusto caracterizado por apresentar uma altura de cerca de 80 centímetros de altura. De caule ereto coberto por uma pilosidade de cor esbranquiçada; suas folhas são oblongas ou lanceoladas, alternas, sésseis e densamente tomentosas. A Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil 1ª Edição (1926) descreve as flores da Marcela da seguinte maneira: “As flores da macella são amarelas, reunidas em número de 5 a 6 em capítulos discóides, heterogâmicos, densamente agrupados em glomérulos paniculados; as flores centrais, em número de 1 a 3 (freqüentemente uma única) são tubulosas, hermafroditas; se as exteriores, raras, são filiformes femininas. O invólucro é cilíndrico, de 6 a 7 mm de comprimento, com 10 a 11 bracteas amarelo-pardas, estreitas, escariosas, multi-seriadas, sendo as internas lanceoladas-agudas e as externas gradualmente menores, oblongas ou agudas; o receptáculo é pequeno, nu ou fimbrilífero. As corolas das flores femininas são filiformes, de vértice denteado, e das flores hermafroditas regulares; tubulosas, de limbo estreito e dentes lanceolados. As anteras são sagitadas na base, com as aurículas caudadas. O estilete tem ramos longos, truncados. Os aquênios são obovóides, glabros, pardos, papilosos. Papo uniseriado, branco, com cerca de 20 cerdas delicadas, ciliadas, de 4 mm de comprimento.
Essas flores possuem cheiro particular e sabor amargo e aromático.”
A Marcela foi uma planta muito empregada pelos indígenas sul-americanos, quando empregada com ação digestiva, antiinflamatória, emenagoga e anti-séptica.
A Marcela é originária do sudeste da América do Sul. É encontrada principalmente no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
Nome Científico: Achyrocline satureoides (Lam.) D.C. Sinonímia: Gnaphallium satureoides Lam.
Nome Popular: Marcela, Marcela do Campo, Losna do mato, Camomila-nacional, Alecrim-de-parede, Macela-amarela, Macela-da-terra, Macela-do-sertão, Macelinha e Chá de Lagoa, no Brasil; Marcela Hembra e Marcela Branca, no Uruguai; Pirayu e Yatei Caa, no Paraguai; Huira Huira, na Guatemala.
Família Botânica: Asteraceae (Compositae).
Parte Utilizada: Flor e caule.
Princípios Ativos: Óleo Essencial: 1,8-cineol, cariofileno, óxido de cariofileno, issognafalina, galangina, metil-éter de galangina, protocatequilcalerianina, cafeoilcalerianina, -cadineno, cariatina, italidipirona, D-germacreno, lauricepirona, -pineno, tamarixetina, alnustina, ácido cafêico, canfeno, mirceno, -terpineno, borneol, -terpineol, -gurjuneno,
-guaiano e -himachaleno; Flavonóides; Pigmentos Amarelos; Resinas; Taninos; Princípios Amargos; Ácidos Polifenólicos.
Indicações e Ação Farmacológica: A Marcela é indicada e, problemas digestivos, como flatulência, má digestão e diarréias; como calmante; nas inflamações e nas contrações musculares. Externamente é usada como estimulante da circulação capilar e como proteção para peles e cabelos delicados, além de ser usado contra a queda de cabelos.
Já é sabido que extratos de Marcela possui atividade antiherpética, antinflamatória local, antibacteriana, antimicótica, analgésica, antiespasmódica, antioxidante, miorelaxante e sedante. A atividade antiinflamatória tópica é devida a uma ação conjunta dos flavonóides quercetina-3-metiléter, luteolina e quercetina.
A ação antibacteriana é significativa sobre os agentes patogênicos que atacam a pele (principalmente o Staphylococcus aureus), sendo responsáveis por esta ação o ácido cafêico e o flavonóide quercetina presentes nos extratos aquosos. Comprovou-se também a ação sobre outros microorganismos como o Bacillus subtilis e o Micrococcus luteus.
Atribui-se aos ácidos polifenólicos contra a atividade antiherpética, possuindo a capacidade de reduzir a capacidade infectante dos vírus.
A fração polissacarídica da droga vegetal administrada via intra-peritoneal em ratos, é responsável por uma atividade imunoestimulante.
O extrato aquoso aplicado sobre organismos procariotos, obteve-se uma atividade mutagênica e genotóxica. O extrato etanólico das flores de Marcela numa concentração de 250 g/ml também manifestou mutagenicidade e efeitos líticos sobre o Trypanosoma cruzi, agente patogênico da Doença de Chagas.
Os flavonóides estimulam a circulação, reduzindo então a fragilidade capilar. É rapidamente absorvido pela pele e observou-se aumentar a circulação sanguínea periférica.
E por fim a atividade digestiva desta espécie não está ainda suficientemente esclarecida. Acha-se que os flavonóides e alguns compostos tânicos participariam da mesma.
Toxicidade/Contra-indicações: Não há referências na literatura consultada.
Dosagem e Modo de Usar:
• Uso Interno:
- Infusão: 20 gramas para 1 litro de água: 50 a 200 ml diários (para fins digestivos, antiespasmódicos e antiinflamatórios);
- Pó: até 2 gramas diárias com doses unitárias máximas de 0,5 grama;
- Extrato Seco: até 0,2 grama em doses de 0,05 grama.
- Tintura: 20 gramas das inflorescências em 100 ml de álcool 60º.
• Uso Externo:
- Cosméticos: Shampoos e Sabonetes: 2-5% do extrato glicólico.
Referências Bibliográficas:
• ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.
• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos
Aires 1998.
• TESKE, M.; TRENTINI, A. M. Herbarium Compêndio de Fitoterapia.
Herbarium. Curitiba. 1994.
Nenhum comentário:
Postar um comentário