Planta de uso tradicional em Farmácia, o Alecrim é caracterizado segundo a Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil (1926) da seguinte maneira:
“O Alecrim é um pequeno arbusto perene, cujo caule mede de 1 a 2 metros de altura, de ramos tetragonais, opostos, pubescentes, guarnecidos de folhas inteiras, sésseis, opostas, lineares, coriáceas, acuminadas, de margens nimiamente recurvadas, de 2 a 3,5 centímetros de comprimento e de 2 a 4 milímetros de largura, glabras e de cor verde acinzentada e um tanto lustrosas e rugosas na página superior e na inferior cobertas de pêlos estrelares, que lhes comunicam uma cor esbranquiçada e aspecto tomentoso, salvo sobre a nervura mediana, que é muito proeminente. As suas flores são dispostas em cachos curtos, axilares ou terminais. O cálice é bilabiado e cada lábio é bidentado. A corola é de cor branca lilás ou azul pálida, manchada interiormente de pequenas pintas arroxeadas; é tubulosa na parte inferior e de limbo bilabiado, sendo o lábio superior curto, bífido e curvo e o inferior trilobado; o lobo médio é côncavo e pendente. Os estames são em número de quatro, dois dos quais, os laterais, reduzidos a um gancho estéril.
O Alecrim tem cheiro aromático, canforáceo, muito forte na planta fresca e fraco na planta seca; o seu sabor é fracamente aromático e um pouco amargo.”
Os frutos do Alecrim acabam por se separar em quatro frutículos ou núculas. É oriundo da Europa, onde por lá fez muita fama, principalmente por auxiliar na cura da rainha Isabel da Hungria, a qual se recuperou de uma doença que a debilitara graças a sua mistura de alcoolatos de Alfazema, Alecrim e Poejo (Água da Rainha da Hungria). Foi provavelmente introduzida no Brasil através dos primeiros colonos, adaptando-se de forma excelente e disseminando-se por quase todos os estados e participando de muitos remédios caseiros.
Nome Científico: Rosmarinus officinalis L. Sinonímia: Rosmarinus angustifolia Mill.; Rosmarinus communis Noronha; Rosmarinus eriocalix Jord. ex Fourr.; Rosmarinus latifolius Mill.; Rosmarinus laxiflorus Noé ex Lange; Rosmarinus prostatus Fl. Corc.; Rosmarinus rigidus Jord. ex Fourr.; Rosmarinus spontaneus Tourn.; Rosmarinus tenuifolius Jord. ex Fourr.; Salvia rosmarinus Schleiden.
Nome Popular: Alecrim, Rosmarino, Rosmarinho, Alecrim-de-jardim., Alecrim-de-cheiro, Alecrinzeiro, no Brasil; Alecrim, em Portugal; Encensoir, Romarin, Comarin, na França; Rosemary e Rosemarine, em inglês; Rosmarino e Gusmarino, na Itália; Krauzenkraut e Rosmarin, na Alemanha; Romero, em língua espanhola; Rozmaryn, na Polônia; Rosmarin, na Suécia.
Denominação Homeopática: ROSMARINUS OFFICINALIS.
Família Botânica: Labiatae.
Parte Utilizada: Folha.
Princípios Ativos: Óleo Essencial: composto principalmente por hidrocarbonetos monoterpênicos tais como -pineno, - pineno, canfeno, mirceno e limoneno; ésteres terpênicos: 1,8-cineol, cânfora, linalol, verbinol, terpineol, 3-octanona, isobornil-actetato e -cariofileno; Terpenóides: carnosol, ácidos oleânico, 2--OH-oleanólico, 3-O-acetilolenólico, ursólico, ácido carnosílico, romaridienol, 7-metoxi-rosmarol, e -amirenona; Flavonóides: apigenina, diosmetina, diosmina, genkwanina, 6-metoxi-genkwanina, hispidulina, luteolina, 6-metoxi-homoplantagina, cirsimarina, nepritina, sinensetina, cupafolina, 7-metoxi-fegopolina; Ácidos Fenólicos: cafêico, clorogênico, labiático, neoclorogênico e rosmarínico; Colina; Taraxasterol; Estigmasterol; Campsterol; Taninos.
Indicações e Ações Farmacológicas: Indicado internamente em afecções hepatobiliares; na inapetência; nos espasmos gastrintestinais; nos casos de colecistite crônica e na hepatite; nos casos de stress. Externamente é indicado nas inflamações osteoarticulares, seborréia, contusões, entorses, como fortificante do couro cabeludo, anticaspa e na prevenção da queda capilar.
Em Perfumaria os perfumes adotam notas agrestes, dando uma impressão de frescor.
No campo da Infectologia, foi demonstrada atividade do óleo essencial do Alecrim frente aos cultivos de Staphylococcus aureus, S. albus, Escherichia coli, Corynebacterium spp., Bacillus subtilis, Micrococcus luteus, Salmonella spp., Listeria monocytogens e Vibrio cholerae. Neste sentido, a atividade antioxidativa do carnosol e do ácido ursólico promove efeito antimicrobiano que se estende a alguns microorganismos fermentadores ou rancificadores de alimentos como o Lactobacillus brevis, Pseudomonas fluorescens, Rhodotorula glutinis e Kluyveromyces bulgaricus (Opdyke D., 1974; Collin M. e Charles H., 1987; Díaz R. et al,1988; Panizzi L. et al., 1993; Faleiro L., et al.,1997).
A aplicação tópica dos extratos alcoólicos elaborados com as folhas de Alecrim, bem como os feitos de carnosol e ácido ursólico inibiram experimentalmente a iniciação e progresso de tumores epidérmicos induzidos pelo benzo--pireno e 7,12-dimetilbenzoantraceno com 40-60% de eficácia (Huang M. et al.,1994). Pesquisadores suíços da Nestle Research Centre demonstraram que extratos totais de Alecrim previnem os danos sobre o DNA de cultivos celulares causados pela aflatoxina, um potente agente carcinogênico hepático. Esta atividade está relacionada principalmente com os dois antioxidantes encontrados: carnosol e ácido ursólico (Offord E. et al., 1997).
Tanto o óleo essencial como um de seus componentes, o éster terpênico 1,8-cineol, demonstraram in vitro atividade antiespasmódica sobre o músculo liso e cardíaco isolados de cobaias, atribuível a uma ação antagonista com a acetilcolina e sinergizada pelos flavonóides. Neste sentido, foi proposto o borneol como o agente mais efetivo do óleo essencial. A ação antiespasmódica é precedida de um efeito contrátil atribuído ao e -pineno, os quais neste caso exerceriam uma ação somente sobre o músculo liso sem promover atividade inotrópica sobre o coração (Taddei I. et al.,1988; Hof S. e Ammon H., 1989).
O extrato alcoólico dos brotos de Alecrim demonstrou em animais atividade hepatoprotetora e uma significativa ação colerética, sendo a mesma superior a demonstrada pelo extrato feito de toda a planta. Os ácidos fenilcarboxílicos junto com o óleo essencial seriam os responsáveis por esta atividade (Hoefler C. et al.,1987; Joyeux M. et al., 1990).
O ácido rosmarínico demonstrou atividade antiinflamatória em modelos de edema plantar induzido por carragenina em ratos (Parnham M. e Kesselkring K., 1985) e atividade antioxidante devido à inibição da quimioluminiscência e formação de peróxidos hidrogenados formados a partir de granulócitos humanos (Rampart M. et al.,1986).
O flavonóide diosmina demonstrou reduzir a permeabilidade capilar de maneira mais potente a observada com a rutina, melhorando a atividade circulatória em especial dos membros inferiores (Leung A., 1980).
Os flavonóides e o óleo essencial do Alecrim apresentam uma atividade diurética do tipo uricosúrica, e, topicamente atividade antiparasitária, mucolítica e rubefasciente (Peris J. et al., 1995).
Toxicidade/Contra-indicações: A administração do óleo essencial puro por via interna pode produzir cefaléia, espasmos musculares, gastroenterites, irritação do endotélio renal; em doses maiores pode ocasionar um efeito convulsivante e abortivo. O uso tópico do óleo essencial produz rubefasciência dérmica, devendo, desta forma, ser evitada a aplicação sobre feridas, em áreas de pele alterada e o contato com as mucosas.
O ácido rosmarínico tem demonstrado uma baixa toxicidade de acordo com a DL50 exibida em ratos por via endovenosa que é de 561 mg/kg. Este ácido é eliminado da circulação nestes animais com um t1/2 = 9 minutos (Parnham M. e Kesselring K., 1985).
É contra-indicado para indivíduos que possuam obstrução das vias biliares. Não deve ser administrado durante a gravidez (pois é considerado agente abortivo), na lactação, em crianças menores que 6 anos de idade ou a pacientes com gastrite, úlceras gastroduodenais, síndrome do cólon irritável, doença de Crohn, epilepsia, doença de Parkinson ou outras doenças neurológicas. Não aplicar topicamente a crianças menores que 6 anos nem a pessoas com alergias respiratórias ou sensíveis ao óleo essencial de Alecrim.
Dosagem e Modo de Usar:
• Uso Interno:
- Infusão: 20 gramas das folhas por litro de água fervente. Tomar 2 ou 3 xícaras ao dia;
- Tintura (1:10): 50-100 gotas, uma a três vezes ao dia;
- Óleo Essencial: 1-4 gotas em uma torrão de açúcar, uma a três vezes ao dia ou em cápsulas (50 mg/cápsula), duas ou três vezes ao dia;
- Extrato Seco (5:1): 300 mg/cápsula, uma a três vezes ao dia.
• Uso Externo:
- Extrato Glicólico (1:5): até 5% em shampoos;
- Decocção: 30-40 g/l, ferver durante 10 minutos, sob a forma de banhos e compressas.
- Loções capilares, dentrifícios: até 3% de extrato glicólico.
Referências Bibliográficas:
• ALBINO, R. Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.
• OLIVEIRA, F.; AKISUE, G.; AKISUE, M. K. Farmacognosia. 1ª edição.
1996.
• PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.
• CORRÊA, M. P. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. IBDF. 1984.
• SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.
• TESKE, M.; TRENTINI, A. M. Herbarium Compêndio de Fitoterapia.
Herbarium. Curitiba. 1994.
• ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Ediciones. Buenos
Aires. 1998 (obra que cita as referências mostradas nos itens Indicações e Ações
Farmacológicas/ Toxicidade e Contra-indicações).
2 comentários:
Boa tarde pessoal!
Meus parabéns ao autor deste artigo!
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Muito Grato,
Max Minato
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